Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter

Ribeirão Preto

17/03/2013 - 04h49

Arte do grafite se consolida no interior de São Paulo

Publicidade

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Wesley Alves era um moleque de 14 anos e andava com um skate debaixo do braço quando fez seus primeiros grafites em Ribeirão Preto. Era 1999, época em que grafitar um muro, lembra ele, era visto por muitos como ação de bandido.

"A gente saía para pintar e o pessoal tinha medo, atravessava para a outra calçada, fechava o vidro do carro e ligava para a polícia."

Hoje Lelin, como ele é conhecido, recebe elogios por quem passa observando seu traço. "Pagam até refrigerante, servem água."

Lelin integra uma safra de grafiteiros do interior de São Paulo com obras conhecidas não só nos muros de suas cidades, mas em capitais brasileiras e até no exterior.

Edson Silva/Folhapress
O grafiteiro Wesley Alves, 27, o Lelin, finaliza trabalho em muro da escola de arte Bauhaus, em Ribeirao Preto (SP)
O grafiteiro Wesley Alves, 27, o Lelin, finaliza trabalho em muro da escola de arte Bauhaus, em Ribeirao Preto (SP)

"O grafite no interior está bem profissional, não perde em nada para São Paulo", diz o grafiteiro Does.

Artista da Grande São Paulo, Does tem trabalhos pelo Brasil e em 16 países e participou da 1ª Bienal do Graffiti, em 2010, no MuBE (Museu Brasileiro de Escultura).

Ele estima que existam no interior cerca de 500 grafiteiros em atividade, sendo cem deles com trabalhos conhecidos na cena do grafite.

Em Ribeirão, são de 20 a 25 artistas, como Lelin, Bíu, Brô da Silva e Lola.

Todos citam como um dos pioneiros da arte em Ribeirão, em meados dos anos 90, o grafiteiro Tom, que, mesmo morando em Minas Gerais, ainda participa com Bíu e outros três grafiteiros do grupo chamado No Toy crew.

Ao contrário da maioria das artes, o exercício do grafite é, muitas vezes, coletivo. Uma mostra disso ocorreu em Campinas, em fevereiro.

Um grupo de 43 grafiteiros, todos do interior, cobriu de desenhos e letras coloridas as placas metálicas de uma das obras em expansão do aeroporto de Viracopos.

É comum também que grafiteiros viajem para se encontrar em eventos. No final de março, em São José dos Campos, acontece a terceira edição do Mutirão Grafitti.

Se a estreia, em 2007, reuniu 120 grafiteiros, o encontro no Vale do Paraíba agora estima receber 260 artistas e, pela primeira vez, alguns internacionais.

Antes marginalizado, o grafite ganhou status de arte. Assim como outros colegas, Brô da Silva, alcunha de Weber Delfino Gomes, 23, recebe convites para grafitar lojas ou escritórios de arquitetura.

"Antes, a polícia parava para perguntar se eu tinha autorização para pintar. Hoje, a polícia para, mas para elogiar", diz Eder Rodrigues, 26, o Slim, de São Carlos.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página