São Paulo, quarta-feira, 18 de abril de 2001 |
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ARTES PLÁSTICAS Celina Yamauchi também apresenta exposição a partir de hoje no Centro Universitário Maria Antonia Miguez expõe processo em mostra dupla
FABIO CYPRIANO DA REPORTAGEM LOCAL Quem conhece apenas as obras de Fábio Miguez durante seu período no grupo Casa 7 (que cinco jovens artistas formaram na década de 80, com grande influência da pintura européia, especialmente de Anselm Kieffer e Baselitz), vai se espantar com a mostra que o artista plástico apresenta a partir de hoje. "É um outro artista", reconhece Miguez à Folha. Suas telas perderam as muitas camadas de tintas e cores sombrias e, no lugar, surgem muitos espaços brancos, cores fortes e um aspecto quase onírico. "Foi na década de 90 que comecei a desenvolver esse trabalho, no qual procuro deixar claro o processo de construção das obras", conta Miguez. Suas telas mais recentes deixam transparentes seus traços e escolhas, sem se preocupar com imagens precisas, mas criam uma certa indeterminação, uma desarmonia. Na mesma época, ele passou também a trabalhar com fotografias, sempre montadas em dípticos, como a série Deriva, de 93. A partir de hoje, essas imagens e as novas telas estão em exposição no Centro Universitário Maria Antonia. A partir do próximo sábado, outra parte desse conjunto estará numa mostra organizada pela galeria Marília Razuk. "As duas mostras se completam; na Maria Antonia dominam as telas, enquanto na galeria, as fotografias", afirma Miguez. Apesar dos suportes variados e da proposta diferente -as telas são abstratas, enquanto as fotografias são figurativas- há um grande diálogo entre as obras. Nas fotografias, Miguez faz contrapontos entre planos gerais e detalhes da Serra do Mar, como a criar pulsos. Esse mesmo movimento ocorre nas telas, nas quais cores fortes, como o laranja e o vermelho, parecem saltar dos traços esbranquiçados do artista. Ambas as séries também trabalham com o conceito de espaço, marca que o artista traz de sua formação em arquitetura. Em entrevista à revista "Art", há dois anos, o pintor alemão Gerhard Richard, que também transita entre pintura e fotografia, abstrato e figurativo, afirmou que passar de um sistema a outro era uma necessidade interna, de variação e exploração de mídias diferentes. Princípio semelhante é a fonte para Miguez. "Levei muito tempo para aprender a trabalhar com a fotografia, para conseguir o resultado que buscava", conta. Entretanto, a diversidade na produção parece ser uma de suas motivações para suas novas obras. "Na fotografia, sou apenas parte de um processo que depende também de laboratórios, enquanto na pintura é apenas meu trabalho com a tela", afirma. Yamauchi Também a partir de hoje, a artista Celina Yamauchi apresenta uma mostra no Centro Universitário, com o título "A Natureza da Paisagem". A mostra é resultado do projeto da artista, equivalente a uma dissertação de mestrado, que será defendida no dia 7 de maio, sob orientação do artista e professor Evandro Carlos Jardim, pela Escola de Comunicações e Artes da USP (Universidade de São Paulo). São apresentados 37 trabalhos, feitos a partir de imagens digitais, fotogramas e desenhos, com ênfase em questões espaciais. Celina já teve obras apresentadas no Paço das Artes, em 1998, e esteve em cartaz no Museu de Arte Moderna, na mostra "Fim de Milênio". FABIO MIGUEZ E CELINA YAMAUCHI - Telas e fotografias do artista e 37 trabalhos de Celina. Onde: Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 255-5538). Quando: abertura hoje, às 20h; de seg. a dom., das 9h às 21h. Até 13/5. Quanto: grátis. FABIO MIGUEZ - Telas e fotografias do artista. Onde: Marília Razuk Galeria de Arte (av. Nove de Julho, 5.719, loja 2, tel. 255-5538). Quando: abertura dia 21, às 12h; de seg. a sex., das 10h30 às 19h; sáb., até as 13h. Até 13/5. Quanto: grátis. Preço das obras: de R$ 3.000 a R$ 16 mil. Próximo Texto: Espaço uniformiza mostra de Willys de Castro Índice |
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