Zé Carioca foi gerado em 1941, no Rio, num salão do Copacabana Palace temporariamente convertido em estúdio de desenho para Walt Disney e seu pessoal
Eles colhiam dados para um filme que se passaria no Brasil e se chamaria "Alô, Amigos"
Disney queria criar um personagem brasileiro para fazê-lo contracenar com seu já famoso pato Donald. E logo encontrou o que procurava: um papagaio
Estava habituado à ideia que alguns povos, entre os quais o dele, faziam de si mesmos, identificando-se com aves como águias, condores e falcões
Já o brasileiro parecia sentir-se mais próximo do papagaio: duro, pobre, folgado, preguiçoso e desempregado –mas safo, livre, feliz e capaz de aprender tudo rapidinho, inclusive a enrolar os gringos
As dezenas de piadas de papagaio que contaram a Walt no Copa convenceram-no de que o louro devia ser um herói nacional
Zé Carioca veio à luz um ano depois, no estúdio Disney, em Burbank, Califórnia. Americano no papel, mas de indiscutível DNA brasileiro –e carioca
Zé Carioca usa fraque, chapéu de palhinha, charuto, gravata-borboleta e guarda-chuva inspirados no Dr. Jacarandá, um folclórico personagem das ruas do Rio
Tão carioca que seu gingado e gesticulação copiavam os do violonista José do Patrocínio de Oliveira, Zezinho, que trabalhava com Carmen Miranda nos EUA e era... paulista de Jundiaí
Zezinho até emprestou sua voz e seu sotaque a Zé Carioca. Não só em português, mas em todas as línguas para as quais "Alô, Amigos" (1942) e "Você Já Foi à Bahia?" (1944), foram dublados
E assim, dessa simbiose, Zé Carioca nasceu universal, como talvez nem Walt tivesse sonhado. Ideal para estrelar gibis, como logo aconteceu nos EUA e, depois, no Brasil
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