Investigação de policiais presos no RJ pode chegar a milícias 

Quadrilha usava toucas ninja e distintivos da Polícia Civil. Nove pessoas foram presas em operação, sendo duas em flagrante.

Por Henrique Coelho, G1 Rio


Material apreendido na Operação Stelio — Foto: Reprodução/ Twitter/ Secretaria de Segurança do Rio

A quadrilha de policiais presa nesta terça feira (13) por extorsão e outros crimes contra uma pessoa em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, será investigada por outros crimes anteriores cometidos na Região Metropolitana. Entre os presos, há dois policiais civis, um ex policial civil e um policial militar.

A Delegacia de Repressão a Ações Criminosas (Draco) investiga ligações do grupo com milícias da região de São Gonçalo, Niterói e outros municípios. Na casa de um dos presos, foram encontradas toucas ninja e distintivos da Polícia Civil. Durante as investigações, o MP descobriu que os policiais suspeitos estavam planejando extorquir um traficante do Morro do Salgueiro, em São Gonçalo.

"Nós identificamos que eles realizavam muitas ações. Então, com certeza, outros inquéritos podem ser abertos, inclusive podendo chegar à atuação de milícias ", afirmou o delegado da Draco.

Treze pessoas foram denunciadas e posteriormente se tornaram réus pela Justiça, que concedeu sete mandados de prisão preventiva: cinco contra os que participaram do roubo, um policial militar e um policial civil.

Quatro despachantes participaram da falsificação dos documentos que os policiais utilizariam para pegar o registro do carro da vítima também são réus no caso por extraviarem o documento.

Nove presos
Até as 11h50, seis mandados de prisão haviam sido cumpridos, e duas prisões foram efetuadas em flagrante. Uma pessoa era considerada foragida.

O delegado da Draco, Alexandre Herdy, o corregedor da Polícia Militar, Welste Medeiros, e o promotor Antonio Carlos Pessanha e Sergio Pereira, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, além do corregedor da Polícia Civil, Glaudiston Laureano, deram detalhes da investigação.

Uma vítima contou que foi mantida refém em sua casa em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, por cinco pessoas que se identificaram como policiais da Draco. A vitima teve vários pertences furtados, entre eles um notebook e um carro. Foi exigido, por telefone, que a vítima passasse o registro de compra e venda do veiculo.

Seis pessoas foram identificadas, sendo que cinco foram reconhecidas pela vítima. "Uma outra pessoa, amigo da vítima, teria passado informações fundamentais para os criminosos", disse Herdy. Essa pessoa, segundo as investigações, era um policial militar.

"Iniciamos o monitoramento telefônico depois disso. Foram 60 dias de interceptação. A partir disso, a subsecretária de inteligência conseguiu identificar outras pessoas nessa ação", explicou o promotor da promotoria de Niterói do Gaeco, Antônio Pessanha.

A corregedoria da polícia civil afirmou que as equipes da corregedoria conseguiram cumprir os mandados de prisão e busca e apreensão. "Além de dinheiro, foram encontrados documentos. A corregedoria vai instaurar uma sindicância interna, para fins de processo administrativo disciplinar", disse Laureano. Os policiais civis podem ser expulsos da corporação.

"Vamos instaurar um processo administrativo disciplinar e eles podem ser expulsos", afirmou Medeiros.

Confira o nome de todos os detidos na operação:

Seis dos sete presos que tiveram a prisão decretada pela Justiça:

-Alexandre Mota de Assis
-Marcelo Tinoco de Carvalho ( ex-policial civil)
-Ubirajara de Jesus Júnior (policial civil , vulgo Biriba ou Júnior)
-Thiago Barbosa Faria Vieira (policial militar)
-Ricardo Gonçalves da Rocha (policial civil)
-Leandro Garcia Rodrigues Madeira (capitão da PMERJ, vulgo Madeira).

Dois presos em flagrante com porte ilegal de arma de fogo

-Franklin de Souza Veloso Mattos
-Alberto José de Marins (vulgo Betinho)

Foragido: Marco Antonio Silva Carvalho (vulgo Marquinho)