'Feirão das drogas' volta a operar normalmente na Cracolândia um dia após tumulto

Barracas foram retiradas na quarta-feira (10) durante confronto entre forças de segurança com usuários e traficantes de drogas.

Por G1 SP


Grupo sequestra ônibus durante confusão na Cracolândia

Um dia após um tumulto tomar conta das ruas da Cracolândia, no Centro de São Paulo, o feirão das drogas voltou a operar normalmente nesta quinta-feira (11). As barracas que foram retiradas da região da Alameda Dino Bueno e da Rua Helvetia durante confronto entre usuários e traficantes de drogas com a Guarda Civil Metropolitana (GCM) voltaram ao local na manhã desta quinta. Uma fogueira foi acesa para afastar o frio.

A confusão começou no final da manhã, após homens da Guarda entrarem na Cracolândia para apurar denúncia de roubo de celular. Os moradores da região fizeram barricadas em ao menos três ruas para evitar a aproximação dos agentes. Um ônibus chegou a ser sequestrado.

Ao todo, quatro pessoas foram detidas e levadas para o 77º Distrito Policial (Santa Cecília). Os três homens conduzidos ao DP por agredir policiais ou por danos a uma viatura foram liberados. Apenas um detido por portar um coquetel molotov continuava preso.

Diversas viaturas da PM permaneceram no local até a madrugada desta quinta. Pela manhã, a polícia já havia retomado sua rotina normal de policiamento.

O coronel Celso Luiz Pinheiro, comandante do policiamento na capital, afirmou ao Bom Dia São Paulo que a presença da PM é constante na região e que 147 pessoas foram presas desde 2016. Foram recapturadas 67 pessoas foragidas da Justiça e apreendidos 20 simulacros e 61 kg de crack no varejo.

O coronel afirmou que é preciso ter um pouco de paciência, mas que o tráfico de drogas “está com os dias contados” na região. Ele se refere ao programa Redenção, que será colocado em prática pela prefeitura e pelo governo do estado na região com ações integradas na área de saúde, assistência social e segurança, entre outras áreas. Segundo Pinheiro, é preciso planejar a ação cuidadosamente porque os usuários são colocados como escudos pelos traficantes. Além disso, eles podem se espalhar para outros bairros.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que “está em andamento uma operação integrada entre órgãos municipais e estaduais para revitalizar a área e coibir o tráfico de entorpecentes que acontece no local”. “Trata-se de uma ação complexa, pois os criminosos usam os dependentes químicos como ‘escudos’ durante as ações realizadas pelas forças policiais, como ocorreu nesta quarta-feira (10), quando os PMs atenderam a uma requisição de apoio da Guarda Municipal durante ocorrência de roubo.”

Tumulto

Algumas pessoas aproveitaram para fazer saques nas lojas da região da Santa Ifigênia. Os comerciantes fecharam algumas lojas.

Com o aumento da chegada de guardas, carros e motos oficiais, foram feitas ao menos outras duas barricadas, na Alameda Barão de Piracicaba e na rua Helvetia. Por volta de 12h30, policiais começaram a se aproximar munidos de escudos da barricada na Barão de Piracicaba. A Avenida Rio Branco, que dá acesso à Marginal Tietê, chegou a ser bloqueada para a ação policial.

Um grupo armado com paus e pedras sequestrou um ônibus durante confusão na Cracolândia, Centro de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (10). Segundo o motorista, cerca de 15 criminosos roubaram passageiros e assumiram a direção do coletivo, que fazia a linha Princesa Isabel-Jardim Miriam.

Nas últimas semanas, reportagem mostrou imagens da feira de drogas na Cracolândia, com venda e consumo de crack, cocaína e maconha. No último fim de semana, a polícia encontrou no Bom Retiro, próximo à região, o corpo de um socorrista que foi sequestrado após entrar na Cracolândia para tentar encontrar uma usuária de drogas que vive no local.