Sem patrocínio, Macaé corre o risco de não disputar a Série C do Brasileiro

Presidente do clube, Mirinho, abre o jogo e revela que sem o apoio de um parceiro, equipe não terá verba para jogar a competição nacional: "Vou assaltar alguém?"

Juan Rodriguez, em Cabo Frio, RJ

Mirinho revela situação financeira difícil que o Macaé atravessa (Foto: Gustavo Garcia)

A participação do Macaé na Série C do Campeonato Brasileiro está seriamente ameaçada. De acordo com o presidente do clube, Mirinho, a equipe só disputará a competição nacional caso consiga o apoio de um parceiro para equilibrar as finanças. A situação se agrava ainda mais pelo fato do Alvianil Praiano não poder contar com o seu estádio, o Moacyrzão, já que este não possui, atualmente, a estrutura adequada para garantir os laudos técnicos que permitiriam a realização de jogos no local.

Faltando aproximadamente três semanas para o início da competição, o mandatário abriu o jogo em entrevista ao GloboEsporte.com sobre os últimos acontecimentos do clube. Segundo o dirigente, se as pendências não forem definidas até o final da semana, o Macaé entrará em contato com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) para buscar alguma alternativa para solucionar o imbróglio.

- Não temos dinheiro para jogar a Série C. Se não fecharmos com um parceiro ou com um patrocinador, não vamos jogar. Prefiro sair do clube do que passar por essa humilhação de combinar uma coisa com os jogadores e não ter como cumprir. Não vou botar a minha cara na reta. A Prefeitura de Macaé ajudava muito antigamente, mas deixou de ajudar. Ficou complicado. Futebol não é barato. Vou tirar dinheiro de onde? Vou assaltar alguém? Vou lá falar com a Federação para resolver isso - declarou, em entrevista que você confere na íntegra abaixo.

Pendências com o Moacyrzão
- Arranjamos um patrocinador, ele viu o campo e desistiu. Eu prefiro não disputar a Série C do que deixar as pessoas na mão. A antiga administração do estádio não fez nada para colocá-lo em condições de jogo. Espero que isso mude agora com quem entrou lá. Por enquanto, não tem estádio para jogar. Vou jogar aonde? O campo está lá, parado, abandonado. Não precisa nem de uma grande reforma. Temos um estádio bonito, tenho maior carinho por ele. Mas passamos o estadual todo jogando em Friburgo, em Bacaxá, em Xerém... É um prejuízo muito grande. Mas vamos dar tempo ao tempo.

Sem apoio
- Quando subimos para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2014, o combinado com a Prefeitura é que receberíamos três milhões para investir em uma grande equipe. E foi isso que eu fiz. Eu trouxe até o Ricardo Berna. Ai quando já estava tudo acertado, recebi apenas um milhão. E o resto do dinheiro? Fiquei com dois milhões de dívida para pagar o pessoal. Aqui ninguém dá valor para o clube da cidade. Eu contratei contando com uma coisa e recebi outra.

Elenco formado para a Série C
- Já tenho 22 jogadores acertados com o clube. Só precisamos do patrocinador. Estamos conversando com dois técnicos para assumir o time, mas ainda não está definido. Temos um auxiliar-técnico, um preparador físico... Está tudo certinho. Falta a grana mesmo. O João Paulo, presidente do Boavista, disse que vai me emprestar três atletas e dividir o salário deles comigo. Temos parceria com o Botafogo também. Há vários empresários querendo colocar jogadores aqui, mas preciso do aval do novo parceiro.

Estádio Moacyrzão está com diversos problemas estruturais (Foto: Gustavo Garcia/GloboEsporte.com)

Problemas internos durante a disputa do Campeonato Carioca
- Os jogadores fizeram uma greve que durou um dia. Não quiseram treinar na academia. Estavam reclamando de salários atrasados. Só que era coisa pequena, valores baixos. Só quatro deles estavam com o salário atrasado, o resto foi atrás. Somando tudo, dava só R$ 10 mil reais. Eu já tinha avisado que atrasaria, foram apenas seis dias. Fui no Rio buscar o dinheiro e ,no sétimo dia, eu paguei tudo. Não há pendência alguma. Dei graças a Deus que eles foram embora. A torcida chegou a invadir o vestiário e cobrar dos jogadores. Sorte deles que não jogamos em casa, caso contrário, a pressão seria muito maior.

Situação atual do clube
- É uma vergonha. Vou ficar muito chateado se não jogarmos a competição. Fui eu que botei a equipe na Segunda Divisão do Brasileiro e na elite do Carioca. Fomos campeões da Série C e isso não é pouco. Mas eu prefiro não jogar do que ficar maluco com isso tudo. Vai ter jogador batendo na porta da minha casa. É muita humilhação. Eu não sou rico, e o Macaé não tem renda. As consequências vão sobrar para outras pessoas. É muito desmoralizante. E é a pura e triste realidade. Um aborrecimento muito grande.

Citada na matéria, a Prefeitura de Macaé foi procurada pelo GloboEsporte.com e se pronunciou através de uma nota, que você confere na íntegra abaixo.

No que se refere à estrutura do estádio, o município está empenhado no processo de reforma.Sobre o patrocínio, no momento, o município não dispõe de condições financeiras que permitam essa despesa. Mas, a exemplo de outros clubes, o governo municipal torce para que o Macaé Esporte encontre patrocinadores na iniciativa privada.