• Mariana Iwakura, de Austin
  • Mariana Iwakura, de Austin
Atualizado em
Chip Conley, ex-diretor de hospitalidade e estratégia do Airbnb (Foto: Mariana Iwakura)

Chip Conley, ex-diretor de hospitalidade e estratégia do Airbnb (Foto: Mariana Iwakura)

No começo das operações do Airbnb, o cofundador Brian Chesky e sua equipe de executivos trabalhavam mais de 70 horas por semana. O Dia de Ação de Graças se aproximava, e provavelmente seria mais um feriado de trabalho.

Chesky decidiu, então, enviar uma carta personalizada a cada marido, mulher ou familiar, agradecendo pela paciência enquanto seus parceiros estavam no trabalho. A ação pegou muito bem entre os colaboradores.

Essa não foi, no entanto, uma ideia de Chesky, mas sim de Chip Conley, ex-hoteleiro e então diretor de hospitalidade e estratégia do Airbnb. Com 52 anos de idade na época (ele tem 58 agora), Conley contrastava com o perfil dos gênios de tecnologia de 20 e poucos anos que lideravam o Airbnb.

Ele entrou na empresa porque havia construído e vendido a rede de hotéis-butique Joie de Vivre. Mas logo viu que todo o conhecimento que tinha sobre gestão, limpeza e vacância tinha pouco uso na construção de uma plataforma de aluguel de imóveis peer-to-peer.

O mais valioso era a sabedoria que só se adquire com a idade. “Eu trouxe o elemento humano da empresa, mostrando quando precisamos ser duros e quando precisamos ser generosos”, disse, durante palestra no SXSW 2019.

Hoje atuando como conselheiro estratégico do Airbnb, Conley é um defensor da presença de pessoas mais velhas no ambiente de trabalho. Ele cunhou o conceito de “idoso moderno” e lançou em 2018 o livro “Wisdom@Work: The Making of a Modern Elder”.

“Conforme ficamos mais velhos, ganhamos inteligência emocional”, afirma Conley. “Ao longo dos anos, eu adquiri conhecimento de processos – como organizar a execução, como entender as motivações das pessoas.”

Esse é um novo tipo de idoso, que tem sabedoria para passar adiante, mas que também está aberto a aprender o que as gerações mais novas têm a ensinar. “É preciso ser tão curioso quanto sábio”, diz Conley. Para quem deseja ser um idoso moderno, ele tem quatro dicas:

1. Evolua
“Olhe para a sua identidade profissional e faça uma edição da sua vida até agora. Parte do que você aprendeu pode não ser mais relevante. Eu fui CEO de uma empresa importante, que eu vendi por um valor não muito alto no meio da recessão. Fui convidado para fazer parte do Airbnb como um apoio, não como um sábio. Foi difícil. Mas nós precisamos nos aprimorar. Nossa identidade e nosso conhecimento precisam evoluir.”

2. Aprenda
“É importante saber perguntar. Existem maneiras de desenvolver um questionamento que seja ao mesmo tempo catalisador e iluminador. Eu não tinha medo de fazer perguntas, mas com base na observação de acontecimentos e dados.”

3. Colabore
“Um mentor mais velho pode melhorar a taxa de sucesso e a eficácia de um time apenas com a sua presença. Ele sabe liderar considerando os pontos fortes de cada um. Conforme ficamos mais velhos, nossa capacidade de colaboração fica melhor. Com o envelhecimento do cérebro, perdemos velocidade. Mas conseguimos fazer a alternância entre o lado direito e esquerdo do cérebro mais rapidamente, o que nos dá mais capacidade de sintetizar os pensamentos e visualizar o todo.”

4. Aprenda a aconselhar
“Este é o último passo, quando já tiver passado pelos outros. Muitas pessoas pensam que, por serem mais velhas, terão um púlpito para subir e distribuir conhecimento. Mas ficam parecendo ou um padre ou um pai. E ninguém quer isso no trabalho. O idoso moderno sabe como fazer e por que fazer. Ele consegue também melhorar a autoconfiança dos mais jovens.”