• Adriano Lira, de Austin (EUA)
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Atriz Olivia Wilde durante apresentação no festival SXSW (Foto: Danny Matson/Getty Images for SXSW)

Atriz Olivia Wilde durante apresentação no festival SXSW (Foto: Danny Matson/Getty Images for SXSW)

Ela sonhou em ser atriz desde que se entendia por gente. Após abandonar a família e atravessar o país rumo a Hollywood, conseguiu seu objetivo. Estrelou vários filmes. Ficou famosa. E percebeu que poderia sonhar ainda mais alto.

Esta é a trajetória de Olivia Wilde, atriz que fez sua estreia na direção com Booksmart, lançado no último domingo (10/03). O filme é protagonizado por duas garotas que, ao terminar o ensino médio, percebem que foram comportadas demais e decidem “correr atrás do prejuízo” em apenas uma noite.

Olivia foi um dos destaques da manhã desta segunda-feira (11/03) no SXSW, evento de inovação, tecnologia e economia criativa que ocorre em Austin, no Texas. Durante a apresentação, ela falou de sua trajetória profissional e de seu trabalho em busca de igualdade de gênero no cinema.

A americana, de 35 anos, tornou-se famosa por participações na série House e em filmes como Tron: o Legado e Rush - No Limite da Emoção. A atriz ainda atuou na Broadway, na dramatização do romance 1984, de George Orwell.

Segundo ela, há cerca de oito anos, começou a perceber que, apesar de ter atuado em produções de sucesso, não estavas satisfeita com os rumos de sua carreira. “Sabe quando você fica muito ansioso para ir a uma festa, se anima e, ao chegar, o evento é uma porcaria? Comecei a me sentir assim. Percebi que queria ser ouvida, que poderia ir além e produzir conteúdo”, afirma.

Outra frustração de Olivia é que nenhum de seus trabalhos como atriz é aprovado no Teste de Bechdel, uma avaliação que mostra os filmes que têm pelo menos duas mulheres falando de algo que não seja sobre homens. Algumas versões adicionam a condição de que as mulheres em cena tenham homens. “Veja, era só falar sobre o clima. Há tantos assuntos que podemos falar em vez de homens. De qualquer forma, decidi fazer meus filmes e passar no teste.”

Ao conversar com estúdios, no entanto, recebia apenas respostas negativas. “Diziam que eu não tinha experiência como diretora e não poderiam me deixar cuidar de um filme. Dei alguns passos atrás e decidi trabalhar em outras coisas”, diz. Olivia, então, dirigiu videoclipes. Entre eles, o da música “Dark Necessities”, do Red Hot Chili Peppers. Em 2013, foi a produtora-executiva de um filme que estrelou, Drinking Buddies.

Agora, com o lançamento de Booksmart, Olivia quer mostrar que as mulheres podem prosperar em um mercado dominado por homens. “A indústria cinematográfica oferece oportunidades para quem sempre teve oportunidades. Não quero ver os filmes dos mesmos homens brancos. Precisamos quebrar esse paradigma."

Durante o painel, Olivia compartilhou suas experiências do primeiro trabalho como diretora. Os ensinamentos, inclusive, têm a ver com o mundo dos negócios. Para ela, existe um estereótipo de diretores de cinema que não corresponde à realidade. “Os diretores podem passar uma imagem de egocêntricos, geniais e infalíveis. Mas prefiro delegar tarefas. Prefiro ser humilde e, em vez de dizer que sei tudo, pedir a opinião das pessoas que trabalham comigo. Gosto de estar com gente mais inteligente que eu e me desafiar para chegar ao nível deles”, afirma.

Olivia também diz que devemos estar dispostos a mudar. “Filmes são coisas vivas. Dependem de diversas variáveis para se tornarem uma realidade, como a personalidade dos atores e o clima. Se você percebe que uma mudança de última hora vai melhorar seu trabalho, mude. Tenha permissão para mudar de opinião.”

Por fim, a diretora abordou a importância das pausas durante o trabalho, arrancando gargalhadas da plateia. "Eu acredito no almoço. Tem hora que está tudo complicado, mas não adianta insistir. É melhor parar e encher a barriga."