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Al Shabab adverte que agências da ONU seguem proibidas na Somália

Entre as agências proibidas há um ano pelo grupo radical islâmico de atuar na região, está PMA, a OMS e a Unicef

Famílias somalis aguardam para serem registrados no campo de refugiados: a ONU declarou que duas regiões do sul da Somália estão em crise de fome (Oli Scarff/Getty Images)

Famílias somalis aguardam para serem registrados no campo de refugiados: a ONU declarou que duas regiões do sul da Somália estão em crise de fome (Oli Scarff/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de julho de 2011 às 12h39.

Mogadíscio - O grupo radical islâmico Al Shabab, vinculado à rede terrorista Al Quaeda e que controla grande parte do sul da Somália, destacou nesta sexta-feira em entrevista coletiva que organizações de ajuda humanitária da ONU seguem sem sua permissão para atuar nas áreas dominadas pelos rebeldes, declaradas oficialmente em crise de fome.

"Quero confirmar hoje que nunca anunciamos que tenhamos dado acesso às agências que proibimos de atuar nas áreas que controlamos", ressaltou à imprensa o porta-voz do Al Shabab, Sheikh Ali Mahmoud Rage.

"As agências às quais oferecemos acesso (à zona afetada pela crise de fome) não estavam na lista de organizações proibidas", acrescentou.

Entre as agências proibidas há um ano pelo Al Shabab de atuar na região, está o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O anúncio do Al Shabab ocorre dois dias depois de o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, solicitar o envio urgente de fundos por parte da comunidade internacional para evitar a morte de milhares de pessoas na Somália.

No entanto, Rage minimizou a importância do apelo de Ban. "As agências de ajuda humanitária querem manipular a situação. Não há crise de fome na Somália, embora falte comida em algumas regiões".

Segundo números da ONU - que declarou oficialmente que duas regiões do sul da Somália estão em crise de fome -, quase metade da população somali, cerca de 3,7 milhões de pessoas, está em situação de crise humanitária.

Abdulkader Mohamed Osman, analista político somali que esteve na região afetada, alega que "o Al Shabab está misturando política com ajuda humanitária, o que é uma mostra de sua fraqueza".

"Estão cometendo mais crimes ao tentar esconder o problema da crise de fome, porque, desta maneira, a única coisa que conseguem é matar mais gente de fome", explica Osman.

Moradores da região afetada destacam que os rebeldes do Al Shabab estão impedindo-os de chegar ao Quênia e Etiópia, aonde foram transferidos milhares de somalis na busca de ajuda.

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