Por Gessyca Rocha, G1


A cores predominantes nos uniformes de equipes na Copa da Rússia podem ser um problema para até 9% da população mundial que sofre de daltonismo. Para reconhecer quem está com a posse da bola é preciso estratégias ou a ajuda de lentes ou óculos. Dos 32 uniformes principais dos países do Mundial, 13 camisas são vermelhas, cinco são azuis, duas são verdes, e quatro amarelas.

Nas três variantes do daltonismo, ele se apresenta como um distúrbio da visão que interfere na distinção de cores. Quem é daltônico tem dificuldades para diferenciar, por exemplo, o vermelho do verde ou o azul do amarelo. Todas essas cores são predominantes nos uniformes da Copa na Rússia. Cerca de 8% da população mundial masculina é daltônica. As mulheres representam cerca de 1% nesse grupo.

"Todos os daltônicos têm dificuldades na identificação das cores primárias, principalmente o vermelho e o verde, ao invés de enxergarem essas cores, eles veem marrom ou cinza", conta o Rodrigo Pegado, oftamologista da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO).

Existem três tipos: o protanopia, que altera a cor vermelha, e gera tons de bege, marrom, ou cinza; deuteranopia, onde a cor verde vira marrom; e o mais raro, o tritanopia, que altera os tons de azul e amarelo, para tons rosado. Veja nas fotos abaixo:

Uniformes da Rússia, Islândia e México (da esquerda para direita), segundo uma simulação da pronotopia (vermelha vira bege), tritanopia (azul e amarelo viram rosado) e deuteranopia (verde vira marrom). — Foto: Divulgação

Na estreia da seleção brasileira na Copa, o fotógrafo Luiz Filho, que tem daltonismo tritanopia, teve dificuldades para identificar o time do Brasil e da Suíça.

“O que é verde, amarelo, e vermelho pra vocês, é tudo da mesma cor pra mim, tons de cinza. No jogo, a camisa do Brasil era cinza, mas mudava conforme a luz, e a grama era da cor da camisa da Suiça, cinza mais escuro. Pedi ajuda para uma amiga dizer qual lado o Brasil começava atacando, para não comemorar o gol errado! " - Luiz Filho

O jogo de abertura do mundial, entre Rússia e Arábia Saudita, também foi difícil para os daltônicos identificarem as seleções, porque as camisas tinham como cor predominante o vermelho (Rússia) e o verde (Arábia Saudita).

Em uma simulação, veja como foi o jogo entre Rússia e Arábia Saudita, para o Luiz e mais 9% do mundo:

Rússia e Arábia Saudita, abertura da Copa do Mundo. — Foto: Mladen Antonov/AFP

O daltonismo é genético e hereditário, geralmente mais comum em homens, porque está ligado a uma anomalia recessiva do cromossomo X. Ou seja, as mulheres compõem cromossomo XX e os homens XY, se houver alguma anomalia no cromossomo X do homem, ele pode já ser considerado daltônico.

Existem óculos e lentes de contato que ajudam a compensar os efeitos e melhorar a escala de tonalidade das cores.

“De modo geral, a cor do gramado já dificulta para os casos de tritanopia. Para assistir aos jogos sem muitas interferências é importante usar óculos especiais, por que eles corrigem as escalas das cores, ou vai ter que ser guiado pelo sentido da bola” explica o Dr. Rodrigo Pegado.

Teste de cores

Para identificar o daltonismo, existe um teste chamado "Ishihara". Esse exame consiste numa série de cartões coloridos, com um número que só será visível pelas pessoas com a visão normal. O número de acertos pode variar conforme o grau e o tipo de daltonismo.

Veja exemplos abaixo:

Pessoas com daltonismo não enxergam o número 42. — Foto: H.Olhos/Divulgação

Pessoas com daltonismo não enxergam o número 42 acima.

Pessoas com daltonismo não enxergam o número 74. — Foto: H.Olhos/Divulgação

Pessoas com daltonismo não enxergam o número 74 acima.

Pessoas com daltonismo não enxergam o número 12. — Foto: H.Olhos/Divulgação

Pessoas com daltonismo não enxergam o número 12 acima.

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