Por Millena Barbosa, G1 GO


Doutor em ciências da UFG é alvo de notas de repúdio após minimizar a pandemia

Doutor em ciências da UFG é alvo de notas de repúdio após minimizar a pandemia

Professor e doutor da Universidade Federal de Goiás (UFG), José Ricardo Sabino foi alvo de notas de repúdio emitidas, na sexta-feira (26), por ao menos três entidades ligadas à instituição depois que ele minimizou a pandemia de Covid-19 durante uma aula on-line. No vídeo, que tem cerca de três minutos, ele dá risada ao falar sobre o número de mortes provocadas pelo coronavírus, que já matou mais de 300 mil pessoas em todo o país (veja vídeo acima).

“Você vai me chamar de genocida, mas as pessoas morrem, sabe. As pessoas morriam antes da pandemia. Há indícios de que as pessoas morriam antes. Há indícios de que não havia UTI antes da pandemia [risos]”, afirmou.

Em nota enviado ao G1, José Ricardo pediu desculpas pelas declarações e afirmou que suas palavras foram mal interpretadas por quem divulgou o vídeo. “Quero afirmar que estou ciente da gravidade dessa crise e do seu agravamento com um vultuoso aumento de casos. Que solidarizo com as famílias das pessoas acometidas gravemente por essa doença e por todas as outras doenças” (leia a nota na íntegra ao final do texto).

A UFG informou que, durante uma reunião ocorrida na última sexta-feira, o Conselho Universitário (Consuni), órgão máximo de deliberação dentro da universidade, apresentou notas de repúdio em relação à fala do professor pelas seguintes entidades: Diretório Central dos Estudantes (DCE), Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás (Sint-Ifesgo) e Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato).

A universidade afirmou ainda que acompanha o desenrolar dos fatos junto à ouvidoria e declarou que considera inaceitável toda e qualquer declaração desrespeitosa sobre as mortes causadas pela Covid-19. “Embora a Universidade seja um espaço amplo, de debates e pluralidade de pensamento, a Universidade Federal de Goiás enfatiza seu posicionamento em uma única direção: a defesa da ciência e da comprovação dos fatos à luz do conhecimento”, completou a instituição, em nota.

Durante aula on-line, professor da UFG dá risada ao falar sobre mortes provocadas pela Covid-19 — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), por meio da diretoria e do conselho de representantes, informou que considera inaceitável qualquer declaração desrespeitosa sobre as mais de 300 mil mortes causas pelo coronavírus no Brasil.

"O Adufg está apurando os fatos e entrará em contato com o professor José Ricardo Sabino para esclarecer suas falas, dando oportunidade para que ele possa se manifestar e apresentar suas razões, se pronunciando novamente na sequência", afirmou o sindicato.

Contrariando estudos científicos, o professor afirmou durante o vídeo que acredita, por dedução pessoal, que o uso simultâneo de mais de uma máscara de proteção facial não tem eficácia contra o coronavírus.

“Eu acredito, na minha opinião, não li em lugar nenhum, mas eu coleto as informações como elas estão expostas. Estão dizendo que agora tem que usar duas máscaras, quatro máscaras, mas se uma não funciona, por que duas vão funcionar, por que quatro vão funcionar? Então não é a máscara”, disse.

Pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos, comprovaram por meio de uma pesquisa científica que a utilização de uma máscara cirúrgica e outra de pano por cima pode reduzir em 95% a transmissão do coronavírus.

Posicionamento de José Ricardo

Eu quero pedir desculpas aos colegas, a todos os dirigentes da honrada instituição que trabalho e a toda comunidade pelas minhas palavras que foram mal interpretadas pelos mesmos que divulgaram esse vídeo sem autorização. Pois esse recorte de vídeo tirado do contexto pretende imputar a mim uma fala que não proferi.

Quero afirmar que estou ciente da gravidade dessa crise e do seu agravamento com um vultuoso aumento de casos. Que solidarizo com as famílias das pessoas acometidas gravemente por essa doença e por todas as outras doenças.

Respeito e recomendo as providências de prevenção, higiene das mãos, não participar de aglomeração e uso de máscaras de proteção. Por fim, manifesto minha tristeza por essa confusão e ter sido privado de diálogo com as pessoas que querem me responsabilizar sem entenderem minha verdadeira intenção.

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