Quer comprar na Black Friday? Veja dicas para aproveitar os descontos e evitar furadas 

Especialistas recomendam que consumidor verifique a reputação da loja antes de comprar, faça uma boa pesquisa de preços e não compre por impulso.

Por Marta Cavallini, G1


Veja 5 dicas para evitar roubadas na Black Friday

Muitos consumidores estão esperando a Black Friday para conseguir descontos naqueles produtos que desejaram o ano todo ou até para adiantar as suas compras de Natal.

O evento, que começa oficialmente à 0h de sexta-feira (24), promete reunir ofertas em lojas físicas e online. No entanto, especialistas em finanças e comércio eletrônico recomendam cautela aos consumidores.

Eles devem ter cuidado durante a Black Friday para evitar compras por impulso que comprometam seu orçamento. E também prestar atenção em quais sites vão comprar para não correrem o risco de se tornar vítimas de fraude.

O G1 ouviu 11 entidades e especialistas em comércio eletrônico e direito do consumidor sobre a Black Friday (leia a relação completa no fim da reportagem).

Veja abaixo as dicas para aproveitar as ofertas sem ter dor de cabeça:

Compare e monitore preços

Antes de fechar a compra, é recomendável pesquisar o histórico de preços do produto para entender o real desconto e evitar a maquiagem dos valores.

Alguns sites permitem que o consumidor consulte o histórico de preços de produtos nos anúncios da internet até um ano antes. Entre eles estão Buscape, Zoom, Baixou, Dicadepreço e Reduza.

Outra dica é usar ferramentas de comparação de preços para descobrir em qual loja comprar o produto com o menor preço.

“Sabendo o custo médio do produto desejado e também o menor preço já registrado, fica fácil identificar uma boa oportunidade de compra”, diz Amador Gonçalves, cofundador do Reduza, plataforma de descontos.

Cadastro e senha

Faça o cadastro antecipado nos sites em que você quer comprar e guarde sua senha. Isso agiliza a finalização da compra e pode evitar que você perca uma promoção relâmpago.

Algumas empresas anunciam o horário em que as ofertas vão entrar no ar ou colocam um contador no site, informando quanto tempo falta para a campanha. Estar preparado para esse momento ajuda a conseguir as melhores oportunidades.

Pesquise sobre a loja

É importante consultar a reputação das lojas através dos sites do Procon, Consumidor.gov.br ou ReclameAqui. É possível ver a avaliação dessas empresas e como elas tratam as reclamações que recebem. O Procon traz uma lista atualizada mensalmente de sites não recomendados. Veja aqui.

A Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico recomenda verificar se o site da loja exibe endereço, telefone fixo ou filial física. O Procon aconselha evitar sites que exibem como forma de contato apenas um telefone celular ou e-mail gratuito.

É possível observar informações como razão social e CNPJ e confirmar esses dados no site da Receita Federal. Se a situação estiver "baixada", "cancelada" ou "inativa", desista da compra. Alguns sites não possuem essas informações por conta das políticas da empresa ou formato de comercialização, como é o caso de marketplaces (sites que reúnem diversas lojas virtuais). As lojas com os selos Black Friday Legal 2017 e Clique e-Valide já passaram por essa checagem.

Black Friday em Goiânia, Goiás — Foto: Thalles Pereira/G1

Nem tudo está na promoção

A Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico aconselha a verificar se o produto desejado faz parte da promoção. As lojas virtuais não são obrigadas a colocar todos os seus produtos em oferta. Em vez disso, selecionam alguns itens de seu portfólio. Se a indicação não estiver visível ao selecionar o produto desejado, tente tirar sua dúvida com a loja por meio dos canais de contato disponibilizados no site.

Compare o frete

O frete é um componente que pode aumentar muito o custo final da compra. Ele varia de loja para loja e de região para região. Logo, é fundamental somar o valor do produto com o do frete para identificar em qual e-commerce o produto vai sair realmente mais barato.

O Procon-SP alerta que algumas lojas costumam elevar muito as taxas cobradas para a entrega, fazendo com que o desconto oferecido no produto acabe não valendo a pena para o consumidor. Por isso, verifique o seu preço antes de finalizar a compra e se achar que ele é abusivo, denuncie.

Prazos de entrega

Como o volume de vendas durante esse período é maior que o habitual, é possível que as empresas estendam o prazo de entrega para dar conta de todos os pedidos. Por isso, fique atento às condições da compra para saber se ela está de acordo com sua necessidade. Se você quiser comprar um presente de Natal, verifique se ele vai chegar a tempo.

No caso de mercadorias que necessitem ser entregues em domicílio, solicite que o prazo de entrega seja registrado na nota fiscal ou recibo. Empresas também oferecem a possibilidade de agendamento de data e turno para a entrega de produto.

No ato da entrega, é importante assinar o documento de recebimento após examinar o estado da mercadoria. Havendo irregularidades, elas devem ser relacionadas, justificando, assim, o não recebimento.

Priorize e compre dentro do orçamento

Muitas vezes as promoções fazem o consumidor extrapolar nos gastos, já que têm a sensação de que estão economizando muito e acabam fazendo compras das quais se arrependem posteriormente. “Prova disso é que as trocas e devoluções registradas aumentam significativamente no pós-Black Friday”, afirma Luiz Pavão, especialista em e-commerce.

Compre apenas o que precisa e que está dentro do orçamento. Isso evita usar o limite do cheque especial ou o rotativo do cartão para o pagamento, que são linhas de crédito com juros altos.

Para não se perder na lista de produtos ou comprar por impulso, é importante organizar os itens desejados por ordem de prioridade e estipular o valor máximo que pode ser gasto, aconselha Ilson Bressan, do Peixe Urbano. Segundo ele, pode ser que o cliente encontre o produto que precisava com um desconto agressivo ou uma oportunidade imperdível em algo em que estava de olho, mas não era o primeiro item da lista.

A dica do especialista é planejar o orçamento disponível para o período, estipulando os gastos à vista e parcelado, de acordo com as finanças pessoais. Dessa forma, o consumidor poderá tomar decisões rápidas sobre o que comprar, aproveitando todas as oportunidades.

Formas de pagamento

Para quem quer economizar, vale lembrar que algumas lojas oferecem bons descontos para pagamento via boleto bancário, pagamento único no cartão de crédito ou no cartão de débito.

A forma de pagamento que o site aceita também pode ser um sinal de alerta para identificar sites suspeitos. “Lojas que aceitam apenas transferência bancária ou boleto tornam-se suspeitas potenciais, pois essas modalidades não oferecem uma possibilidade de estorno posterior. Ao usar o cartão de crédito, as operadoras possuem maior poder de ação”, afirma o advogado Paulo Cruz, especialista em direito do consumidor.

Antes de fornecer os dados pessoais e do cartão, consumidor deve se atentar se o site de compras é seguro — Foto: Divulgação

Site seguro

O grande volume de compras online nesse período é um prato cheio para fraudadores. Por isso, para garantir uma compra segura, o primeiro passo é checar se o site em que está navegando é um ambiente seguro.

Quando acessar a loja online, é preciso verificar se antes do "www" tem o protocolo "https". Esse "s" significa que o ambiente possui certificado de segurança e atesta que os dados do cliente são protegidos por criptografia. Isso evita que essas informações sejam roubadas ou que o cartão de crédito seja clonado, por exemplo.

Outro conselho é realizar antes das compras a atualização do antivírus, antispyware e firewall para evitar roubo de dados.

Certificados de segurança

Verifique se a página possui selo de segurança. Ele atesta que o site é confiável para transações e inserções de dados. Se sim, clique sobre o selo, que geralmente fica no rodapé da página, e verifique se o certificado digital foi emitido para o mesmo endereço web em que se está navegando. Veja se existe um cadeado fechado (ícone visualizado em uma das extremidades da página). Clique no cadeado e observe se a informação do certificado corresponde ao endereço na barra de navegação do computador.

De acordo com o especialista em e-commerce Bruno de Oliveira, alguns certificados de segurança podem não ser 100% confiáveis, uma vez que muitos desses selos podem ser copiados de outras páginas e colocados sem autorização de uso. Para certificar-se de que o selo é verdadeiro, clique sobre ele e aguarde ser redirecionado para a página original da empresa que disponibiliza o certificado. "Ao realizar compras em um e-commerce que você já possui cadastro, faça seu primeiro login utilizando dados falsos. Apenas um e-commerce falso aceitará dados incorretos", diz.

Bruno de Oliveira alerta que qualquer informação digitada, como número do RG, CPF ou dados bancários, pode ser roubada enquanto se navega pela internet. Em sites em que é necessário o preenchimento dessas informações, a garantia que você terá para que isso não aconteça está presente no cadeado que aparece na barra de endereços.

A leitura do “termo de compromisso” ou “política de privacidade” durante a compra é essencial pois é ali que a empresa deve informar como armazena ou utiliza os dados fornecidos pelo comprador.

Cuidado com links e e-mails falsos

Muitas tentativas de fraude chegam através de e-mails falsos com links que se assemelham aos sites verdadeiros e que imitam até mesmo a interface.

Ao receber um e-mail com uma promoção, verifique o endereço, se empresa que enviou é conhecida e idônea. Se houver erros gramaticais na mensagem ou links duvidosos, é sinal para ficar alerta. Outra dica é não baixar anexos enviados nos e-mails de ofertas. Eles podem conter programas maliciosos que infectam o computador se forem abertos.

Também é importante tomar cuidado com links divulgados pelo Whatsapp ou Facebook e prestar muita atenção antes de clicar em qualquer link de promoção.

É importante se atentar ao caminho que o levou até o e-commerce e, quando buscar o nome da loja no Google, clicar em links patrocinados, os primeiros que aparecem na busca, pois são pagos pela empresa para estar no topo, portanto, oficiais.

Evite redes abertas

O Procon alerta a jamais fazer transações online em computadores desconhecidos (lan houses, cyber cafés, máquinas ou redes públicas), pois eles podem não estar adequadamente protegidos.

A advogada especializada em direito de consumidor Vanessa Louzada orienta que se evite também realizar transações financeiras em redes abertas de wi-fi através do celular, tablets ou notebooks. Lembre-se de sair do site da loja fazendo o log off para evitar que o acesso e os dados sejam utilizados por terceiros.

Deve-se evitar compras por redes abertas em tablets, celulares e notebooks — Foto: Reprodução/TV Globo

Compra pelo celular

Nas compras usando celulares e tablets é recomendado baixar apenas aplicativos de lojas oficiais, como o Google Play ou a App Store da Apple e desconfiar dos aplicativos que solicitam permissões suspeitas, como acesso a contatos, mensagens de texto, recursos administrativos, senhas armazenadas ou informações do cartão de crédito.

O coordenador acadêmico do MBA em marketing digital da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli, alerta ainda que os consumidores devem sempre confirmar o plano de fundo de um aplicativo antes de fazer o download. "Pesquise o desenvolvedor e conheça a ortografia das marcas. Alguns desenvolvedores mal-intencionados escrevem o nome errado das marcas para ludibriar os usuários", explica.

Descrição do produto

Verifique atentamente a descrição do produto e compare com outras marcas. Além de se prevenir de comprar um produto que não era o desejado, algumas vezes um item com mais funções e especificidades pode estar com um desconto melhor que outro com menos qualificações.

Avaliação do produto

Veja se o produto que deseja e a loja que oferta possuem avaliação e comentários. Isso ajuda na tomada de decisão. Após receber o pedido, também faça a avaliação para colaborar com outras pessoas com o mesmo interesse.

Produto no carrinho não está reservado

Segundo o diretor de marketplace da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Carlos Alves, na maioria das lojas virtuais e marketplaces, o ato de adicionar o produto ao carrinho não garante a reserva. Para ter certeza de que o item está retido, é necessário gerar o número do pedido, ou seja, é preciso pagar via cartão de crédito ou gerar o boleto bancário. Assim, é garantido que a sua compra estará guardada enquanto o pagamento é confirmado.

Imprima os anúncios

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) orienta que nas compras realizadas pela internet o consumidor imprima as páginas do anúncio com as características da mercadoria e atente para a comprovação da oferta.

Guarde a nota fiscal e número do pedido

Guarde a nota fiscal, pois ela é a garantia de que a compra foi efetuada com sucesso e traz os detalhes do vendedor e fornecedor. A nota também comprova a garantia do produto, além de informar o modelo, a marca e o número de série, garantindo os direitos ao realizar reclamações nos órgãos de defesa do consumidor.

A mesma dica vale para os dados da compra, como número de pedidos e protocolos. Eles podem ser úteis em caso de atrasos na entrega, entrega incorreta de produto, defeitos, troca ou devolução.

Guarde ainda todos os e-mails referentes à compra, como número do pedido, confirmação de pagamento e código de rastreio do envio, além de boletos e protocolos de atendimento.

Clientes aproveitam as promoções da Black Friday no Extra, unidade da Ricardo Jafet, em São Paulo, em novembro do ano passado — Foto: Leonardo Benassatto/Futura Press/Estadão Conteúdo

Cuidado nas lojas físicas

Segundo advogado especializado em direito do consumidor Paulo Cruz, no dia da Black Friday, é possível que os vendedores realizem um atendimento mais ligeiro. No entanto, o consumidor deve ter parcimônia ao checar um produto. “Peça para abrir a caixa, teste se o produto está funcionando adequadamente ou em perfeito estado e pergunte sobre as regras para troca”, aconselha.

Produtos importados

Segundo Cruz, ao adquirir um produto fora do país, é preciso ficar atento se a origem é legal. Em caso positivo, as regras que regem esse bem são as mesmas aplicadas a qualquer item no Brasil.

Denúncia

Caso haja problemas, como divergência entre valor anunciado e valor na hora da compra, faça um print screen (reprodução) da tela e denuncie a maquiagem de preço. A imagem pode ser divulgada nas redes sociais do estabelecimento e levada ao Procon, segundo Cruz.

*Foram consultados para essa reportagem o Procon-SP, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. O G1 também ouviu os advogados Vanessa Louzada e Paulo Cruz, especialistas em direito do consumidor; Amador Gonçalves, cofundador do Reduza, plataforma de descontos; Ilson Bressan, vice-presidente comercial do Peixe Urbano; especialista em e-commerce Bruno de Oliveira; o coordenador acadêmico do MBA em marketing digital da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli; o diretor de marketplace da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Carlos Alves; e Luiz Pavão, especialista em e-commerce.