Por Matheus Garrôcho, G1 Centro-Oeste de Minas e MGTV


Áudio de secretário com incitação à violência gera nota de repúdio do Prefeito

Áudio de secretário com incitação à violência gera nota de repúdio do Prefeito

O prefeito de Bambuí, Olívio Teixeira (PSB), emitiu uma nota de repúdio nas redes sociais após tomar conhecimento de um áudio enviado pelo secretário de Esporte, Lazer e Turismo, Ramon Gabriel Gouveia de Paula, pelo WhatsApp. O áudio incitava a perseguição e a violência após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência da República no último domingo (28).

No áudio enviado em um grupo com 25 pessoas Ramon diz:

“Quero que essa esquerda desse grupo se exploda. Eu quero nego demitido, perseguido. Eu quero nego viado que toma uma arrombada no c*. Ele vai gostar, só pode. Quero que se exploda. Agora mudou, o país mudou. E agora ‘nós vai’ (sic) perseguir mesmo. ‘Nós’ é mau. Agora mudou o negócio. Fica ‘velhaco’ aí, galera".

Ao MGTV, o secretário enviou uma mensagem via WhatsApp dizendo que o conteúdo da mensagem não reflete o que pensa "da vida, do mundo e das pessoas". Após o ocorrido, ele excluiu o perfil dele no Facebook, onde teria chegado a publicar um pedido de desculpas.

Já a Prefeitura afirmou que não vai se manifestar mais sobre o caso. Contudo, o prefeito divulgou no perfil dele uma mensagem aos moradores.

Prefeito emitiu nota de repúdio na página dele no Facebook — Foto: Reprodução/Facebook

Na nota, o prefeito afirma ter sido surpreendido pelo áudio, que causou desconforto a muitas pessoas, inclusive nele próprio, devido ao vocabulário utilizado e pela manifestação de intolerância à diferença de pensamento e escolhas pessoais.

No texto, Olívio afirmou que pediu ao secretário para se retratar publicamente e que o pedido de desculpas foi publicado na página do secretário no Facebook. Porém, o G1 constatou na manhã desta quarta-feira (31), que Ramon de Paula havia deletado a página na rede social e, por isso, não foi possível visualizar o conteúdo.

Após a exibição da matéria no MGTV, o secretário, que chegou a dizer que não falaria sobre o caso, enviou via WhatsApp para a produção uma nota admitindo ter feitos as afirmações - que ele classificou como reprováveis - porém, pediu desculpas e justificou que não reflete a maneira de pensar dele.

"Como todos sabem, fiz afirmações reprováveis e que, reafirmo, não refletem o que penso da vida, do mundo e das pessoas. Minha vida não reflete qualquer forma de preconceito ou violência e minha fala, mesmo em ambiente privado, também não deve refletir. Peço as mais sinceras e profundas desculpas a todos por parecer incentivar comportamento que desaprovo fortemente".

Repercussão

Na publicação, alguns internautas ficaram divididos com a postura do prefeito. “O prefeito não é responsável pelo que o secretário fala, mas também não é só pedir desculpas e pronto”, escreveu um morador da cidade.

Repercussão Secretário Bambuí Facebook — Foto: Reprodução/Facebook

“Pera aí gente. Ele errou sim. Agora falar que precisa de alguém melhor que ele? Trabalhei com ele na secretaria. Sei o quão sério ele leva sua função. Errar é humano. Todo ser humano é passível de erros. E o perdão? Onde fica? E as palavras de Jesus, onde ficam? Se tiver mais desenrolares sobre isso, ele vai arcar com as consequências. Mas falar do profissional acho errado”, ponderou outro internauta.

Outro cidadão cobrou uma exoneração do funcionário por parte da Prefeitura. “Se não compactua, já teria tomado a providência que todo gestor democrático faria: exoneração”, externou.

Internauta afirma ter denunciado o fato ao MPF — Foto: Reprodução/Facebook

Um internauta afirmou ter registrado denúncia do ocorrido no Ministério Público Federal (MPF) e deixou um link para que outros fizessem o mesmo. Pouco tempo depois, o mesmo internauta publicou outra foto, afirmando que as denúncias foram efetuadas e cobrava um “posicionamento mais firme” do prefeito.

Procurado pelo G1, o MPF afirmou que recebeu a denúncia online nesta quarta-feira (30) e que o caso foi repassado para um procurador da República em Divinópolis. Contudo, o órgão não informou qual procurador investigará o caso.

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