Por Reuters


Camelos são desqualificados de concurso de beleza na Arábia Saudita por uso de botox

Camelos são desqualificados de concurso de beleza na Arábia Saudita por uso de botox

Os camelos desfilaram em uma pista empoeirada enquanto os juízes avaliavam o tamanho de seus lábios, bochechas, cabeças e joelhos. Multidões de homens assistiam das arquibancadas, assoviando quando os animais que representavam suas tribos passavam pela pista.

Mas alguns deles foram desclassificados este ano do “concurso de beleza para camelos” saudita porque seus tratadores usaram botox para deixá-los mais bonitos.

“O camelo”, explicou o juiz chefe do concurso, Fawzan al-Madi, “é um símbolo da Arábia Saudita. Costumávamos criar por necessidade, agora criamos como passatempo”.

Muito está mudando na Arábia Saudita: o país está abrindo seus primeiros cinemas. Logo as mulheres poderão dirigir. As autoridades em breve esperam diversificar a economia além do petróleo que tem sido sua fonte vital há décadas.

Camelos são vistos durante concurso de beleza no anual Festival de Camelos King Abdulaziz em Rumah, na Arábia Saudita, em foto de 19 de janeiro — Foto: Fayez Nureldine/AFP

Mas enquanto buscam transformar o reino conservador, as autoridades sauditas estão tentando suavizar o caminho para as reformas ao enfatizar aspectos tradicionais de sua cultura. E para o beduíno da Arábia, nada é mais essencial que o camelo, usado durante séculos para alimentação, transporte, como máquina de guerra e companhia.

Assim, as autoridades ampliaram o festival anual de camelos, com um mês de duração, que foi relocado no ano passado de um remoto deserto para as proximidades da capital. Em um planalto deserto rochoso, o governo construiu um local permanente para abrigar seus eventos: corridas e competições que, combinadas, oferecem premiações de 213 milhões de riyals (US$ 57 milhões, ou cerca de R$ 182 milhões).

O pavilhão inclui também espaço para leilões, onde camelos de primeira linha podem render milhões de riyals.

Há barracas de comida e lojas de lembranças, um mini zoo contendo o mais alto e o mais baixo camelos do mundo, um museu com esculturas de areia de tamanho natural de camelos, tendas para provar leite de camelo e observar tecidos feitos com pelo de camelo, e um planetário mostrando como árabes conduziam camelos através do deserto guiados pelas estrelas.

Homem conduz camelos durante concurso de beleza no anual Festival de Camelos King Abdulaziz em Rumah, na Arábia Saudita, em foto de 19 de janeiro — Foto: Fayez Nureldine/AFP

Organizadores dizem que essa “aldeia patrimonial” será expandida nos próximos anos quando o Príncipe da Coroa Mohammed bin Salman – que é herdeiro do trono, ministro da defesa e responsável pelas políticas econômica e de petróleo – assumir o controle através de um recém criado Camel Club oficial, estabelecido por decreto real no ano passado.

Com o festival deste ano pela metade, o público é cerca de um terço maior do que no ano anterior, com aproximadamente 300 mil pessoas já tendo feito a viagem de uma hora e meia desde Riad até agora, disse Fahd al-Semmari, um membro do conselho do Camel Club.

“A intenção é que (o festival) se torne um fórum global e pioneiro para todas as classes de pessoas para o entretenimento, conhecimento e competição”, afirma.

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