Por Camila Rocha , RBS TV


General Villas Bôas concedeu entrevista coletiva em Porto Alegre — Foto: Reprodução/RBS TV

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse nesta quarta-feira (14) em Porto Alegre que os militares precisam "dar a sua cota de sacrifício" em favor da reforma da Previdência. O militar participou de uma reunião no Comando Militar do Sul, na Região Central da capital gaúcha, e logo depois concedeu entrevista coletiva.

"Os militares precisam participar da reforma, precisam dar a sua cota de sacrifício. Muitas regras dos civis já foram incorporadas para nós, mas algumas como direito de greve, insalubridade, adicional noturno, limite de horas trabalhadas são impossíveis de implementar, pois nossa atividade tem peculiaridades. Não podemos nos desfigurar. Mas concordamos em aumentar o tempo para a aposentadoria, aumentar os descontos. Não concordo em idade mínima, mas com o tempo mínimo de carreira em 35 anos", afirmou.

Com a saúde debilitada, Villas Bôas concedeu uma entrevista breve, usando um aparelho para auxiliar a respiração. Ele também comentou a relação próxima do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com o Exército, e a presença de militares no próximo governo e no Congresso. "Isso não pode ser entendido pela população como a volta dos militares ao poder, pois o Exército é uma entidade apolítica e apartidária", ponderou.

O general se posicionou favorável à reação do ministro da transição de governo e futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em relação a um repasse feito pelo governo da Noruega ao Fundo Amazônia, utilizado para financiar projetos de preservação de povos indígenas e da Amazônia. Maior doador do Fundo Amazônia, a Noruega anunciou no ano passado que cortaria pela metade os repasses para o fundo porque os índices de desmatamento no Brasil passaram a aumentar e os noruegueses começaram a questionar as políticas de conservação. Onyx disse que são os europeus que "têm que aprender com os brasileiros" sobre preservação.

Para Villas Bôas, o país europeu tem interesse em explorar a floresta brasileira no futuro, e por isso investe no fundo. "Como eles não podem explorar, querem congelar, esperando uma oportunidade de iniciar uma operação. Eles doam milhões para Amazônia, mas isso não dá o direito a eles de mandarem aqui. Eles são a mesma Noruega que explora o petróleo e o Ártico. Um país que tem 70% de sua floresta preservada não pode levar pito de quem não tem moral e nem autoridade para isso", declarou.

Em relação à educação, Villas Bôas defendeu a revisão da forma como a história da ditadura militar é contada nos livros de história usados em escolas. "O governo militar foi contado nos livros pelo viés da esquerda. Não temos ainda uma perspectiva histórica que vise à isenção", disse.

O general também comentou o pedido de uma parcela da população, que desde 2016 vinha defendendo uma nova intervenção militar no país. "Isso é ruim. Quando a população chama o Exército, mostra um desespero e uma decepção com o que está aí, pois o Exército significa a volta de valores que estavam inexistentes. Meu papel foi sempre o de fortalecer as instituições e defender a democracia, ressaltando a importância da estabilidade. Nosso papel foi o de protagonistas silenciosos", disse.

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