De carregador de caminhão ao Flu em três anos, Robinho resume: ''Vivo um sonho''

Meia-atacante de 22 anos, destaque do Figueirense na Série B do Brasileirão, é apresentado no CT e recebe a camisa 17 do Tricolor. Volante Richard, outro reforço, usará o número 25

Por Edgard Maciel de Sá — Rio de Janeiro


Um sonho. Assim o meia-atacante Robinho, de 22 anos, resumiu a sua chegada ao Fluminense. Também pudera: há apenas três anos, o reforço ainda jogava no futebol de várzea nos fins de semana e completava a renda como auxiliar de carga e descarga em uma transportadora. Nesta quinta-feira, ele foi apresentado no CT do Tricolor e recebeu a camisa 17 das mãos do vice-presidente de futebol Fernando Veiga. Outra novidade, o volante Richard vestirá a camisa 25.

Richard e Robinho posam com o vice-presidente de futebol do Flu, Fernando Veiga — Foto: Lucas Merçon / FluminenseFC

- Comecei a jogar futebol com 19 anos, fiz um ano só de sub-20 e já subi para o profissional. Graças ao presidente e a diretoria do Atibaia, que confiaram no meu futebol, e graças a Deus estou aqui. Vivo um sonho. Antes do Atibaia, eu trabalhava em uma transportadora, era ajudante de carga e descarga. Um amigo meu falou para largar o serviço que ele me ajudaria financeiramente. Ai consegui ficar no Atibaia, fiz bons campeonatos e começou a dar tudo certo - resumiu.

Do Atibaia, Robinho foi emprestado ao Figueirense em maio. Em só três meses, se tornou o destaque do time e marcou sete gols na Série B (veja no vídeo abaixo). Foi o que lhe abriu as portas no Fluminense para a missão de substituir Richarlison. O Tricolor vai desembolsar dois milhões de euros (cerca de R$ 7,5 milhões) por 55% de seus direitos econômicos. O meia-atacante assinou contrato de quatro anos.

- Pensava que futebol era muita máfia, que você tinha que ter empresário ou não conseguiria jogar, que não contava mais o talento. Mas com 19 anos alguém acreditou em mim.

- Agora é continuar jogando a minha bola para ajudar o Fluminense. Jogo aberto e me sinto mais à vontade nessa posição, mas posso atuar centralizado também. As características são parecidas com as do Richarlison e acho que por isso que estou aqui. Mas onde o professor precisar eu jogo - frisou Robinho.

Mais desconhecido do que Robinho, Richard estava no Atibaia e foi descoberto pelo departamento de scout do Flu. Assinou por empréstimo até dezembro. Admitindo nervosismo pela entrevista com "muitas câmeras", o volante disse ter uma história similar com a do seu mais novo companheiro de time.

- É difícil falar aqui, muitas câmeras. Nunca imaginei. Até um ano atrás eu passei por várias fases da vida, até pensei em parar de jogar. Parecido com a história do Robinho, comecei a trabalhar como carregador de caminhão, foi onde eu pedia para Deus abrir as portas. Uma pessoa de São Paulo me ajudou, com uma excursão para fora do país. Fui sem receber nada. Nela que apareceu a chance, o presidente do Atibaia estava lá e viu os jogos - lembrou.

Confira os sete gols de Robinho, do Figueirense, na Série B

Veja outros tópicos da coletiva dos dois jogadores:

Forma de jogar

Richard - Sou bem na minha, faço amizade com todos. Hoje mesmo já conversei com vários jogadores. Sou um volante que gosta de chegar na frente. Sei marcar também, tenho boa altura e espero ajudar a equipe da melhor maneira possível. (...) Estou disponível como primeiro ou segundo volante, como o Abel preferir.

Robinho - Jogo aberto e me sinto mais à vontade nessa posição. Posso atuar centralizado também. As características são parecidas com as do Richarlison e acho que por isso que estou aqui. Mas onde o professor precisar eu jogo. Não tem gol feio, feio é não fazer gol. Gosto de ir pra cima, finalizar, continuar trabalhando assim para que dê tudo certo.

História de vida

Richard - Com 17 anos fiz a base no Monte Azul-SP, depois fui pro Comercial de Ribeirão Preto. Lá assinei contrato profissional, disputei Paulista Sub-20, vivi um dos meus melhores momentos. Depois passei de um clube para o outro, achei que não daria mais certo. Trabalhei três meses com carregamento de caminhões, assim como o Robinho. Pedia tanto que Deus abriu uma porta para mim.

Robinho - Fiz teste no Mauaense, passei e fiquei pouco tempo. Pensava que futebol era muita máfia, que você tinha que ter empresário ou não conseguiria jogar, que não contava mais o talento. (...) Mas com 19 anos me ajudaram, alguém acreditou em mim. Na várzea em São Paulo, eu jogava sábado e domingo, ganhava um dinheirinho. Durante a semana, antes do trabalho, eu ficava em casa, ajudava a minha mãe, lavava a louça (risos)... Vou dar meu melhor para ajudar a equipe. Só conhecia os jogadores do Flu pela televisão (risos). Mas o entrosamento vem rápido.

Disponibilidade

Robinho - Estou bem fisicamente, joguei muitos jogos os 90 minutos. Se der tudo certo na inscrição, estou disponível para o jogo de segunda.

Mudança na carreira

Richard - Nunca imaginei. Até um ano atrás eu passei por várias fases da vida, até pensei em parar de jogar. Parecido com a história do Robinho, comecei a trabalhar com carga de caminhão, foi onde que eu pedia para Deus abrir as portas. Uma pessoa de São Paulo me ajudou, excursão para fora do país. Fui sem receber nada. Disputei quatro jogos em Dubai. No único jogo que o presidente viu, eu pude ajudar minha equipe e surgiu a proposta para defender o Atibaia.

Sonho

Richard - Nos clubes pequenos nem tem câmera direita, uma ou duas. Estou até nervoso. Todo jogador sonha com isso.

Robinho - Todo jogador sonha com isso, estar no futebol de elite, Série A, um time grande como o Fluminense. Sem palavras para descrever isso tudo.

Chegada ao Flu

Richard - Eu trabalhava há anos por essa oportunidade. Foi depois de um jogo contra o Taboão da Serra. O scout do Flu foi ver outro jogador, mas Deus me abençoou. O grupo fez uma ótima partida e pude me destacar. Futebol é tão dinâmico, que às vezes você fica tranquilo. Fala muita coisa, não dá para saber o que é verdade. Continuei treinando e deixei o presidente resolver.

— Foto: Divulgação