Inicialmente seriam 20, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, avançou que Portugal vai acolher 50 refugiados afegãos de imediato, de acordo com o quadro da NATO. A situação no Afeganistão escalou repentinamente após os talibãs terem tomado o poder do país no domingo, 15 de agosto, e a ajuda de Portugal nesta primeira fase será posteriormente alargada a outros cidadãos afegãos, que poderão ser acolhidos no País.

"Temos a obrigação de proteger e salvaguardar a vida de muitos milhares de afegãos que colaboraram com as forças internacionais, como tradutores e intérpretes, que têm a sua segurança posta em perigo, e nós devemos protegê-los", afirmou o ministro esta terça-feira, 17 de agosto, à TVI24. Augusto Santos Silva fala numa "obrigação moral da Europa" em ajudar os afegãos, em particular as mulheres que estão assustadas com o que poderá vir a acontecer no país.

Isto porque apesar de os talibãs prometerem que vão respeitar os direitos das mulheres, em particular no que diz respeito à saúde e educação, as declarações até agora feitas são, para já, "apenas palavras". "Os talibãs têm de mostrar, com atos, que podemos acreditar minimamente neles, porque o registo tem sido o contrário. É evidente que ninguém poderá tolerar que o Afeganistão se torne outra vez num santuário internacional para movimentos terroristas", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Fora da Europa, os Estados Unidos anunciaram na segunda-feira, 16 de agosto, um apoio para os refugiados afegãos num valor correspondente a cerca de 425 milhões de euros para que estes possam fugir do Afeganistão, dado que o futuro do país é incerto e os cidadãos temem o regresso a um regime extremista.

Existem várias formas de apoiar a população do Afeganistão, desde seguir páginas de informação e afegãos que expõem de forma clara e explicativa a situação do país até à doação de milhas para que os cidadãos possam abandonar o território. Deixamos uma lista com o que pode fazer para ajudar.

  1. Assinar a petição #AntiRefugeeBill. Está disponível online e tem já (ao momento da publicação deste artigo) mais de 13 mil assinaturas das 20 mil necessárias para que o governo do Reino Unido permita um sistema de asilo que seja pacifico, justo e eficaz, contrariamente ao que é estabelecido no projeto de lei que apenas permite a entrada de refugiados que cheguem por fontes "oficiais", tentando deportar todos os outros. A situação é particularmente preocupante neste momento em que, além de outros refugiados que já tentavam chegar ao Reino Unido, também os afegãos precisam de asilo;
  2. Assinar uma petição no Change.org para que o governo alemão crie passagens seguras para os cidadãos que querem sair do Afeganistão, sem terem de recorrer a embarcações pouco seguras arriscando a própria vida no mar por desespero;
  3. Fazer uma doação para a Organização Não Governamental (ONG) Afghanaid. Trabalha com comunidades no Afeganistão e tem uma doação em curso para ajudar "homens, mulheres e crianças no Afeganistão que tenham sido afetados pelo conflito";
  4. Doar milhas para a Miles4Migrants cujo objetivo é angariar milhas para reunir famílias refugiadas em casas seguras por várias partes do mundo;
  5. Doar dinheiro através do Comitê Internacional de Resgate (IRC) para apoiar crianças e famílias do Afeganistão em zonas de risco;
  6. Doar, assinar uma petição, informar-se. Está tudo no site Act For Afghanistan, basta escolher de que forma quer ajudar. Se for doar, por exemplo, pode fazê-lo apoiando financeiramente os hospitais que estão a passar por um momento difícil devido à COVID-19, ao qual acresce o novo contexto político, ou para a organização mundial de órfãos que apoia as crises humanitárias no Afeganistão;
  7. Ajudar no mapeamento das iniciativas lideradas pelo governo em todo o mundo, enviando-as para a ativista Carolina Salgueiro Pereira que adicioná-las-á a uma base de dados não partilhada (por razões de segurança).
  8. Informar, divulgar, protestar. São três as palavras que reúnem o que está ao alcance de todos e que não dependem de dinheiro ou da assinatura de uma petição. Já estará a ajudar se ler sobre o assunto em fontes fidedignas, seja em meios de comunicação social ou páginas com informação completa sobre o que se está a passar (Omar Haidari, a Madina Wardak e a Binazir Haidari são exemplos); partilhar textos pessoais sobre o assunto com os meios de comunicação em Portugal; falar e repensar o que significa solidariedade internacional; aderir a protestos;
  9. Seguir a página The Fuller Project. Premiado projeto de jornalismo sem fins lucrativos que se dedica a reportagens sobre mulheres. O objetivo é aumentar a conscientização, expor a injustiça e fomentar a responsabilização.
  10. Acolher um refugiado em casa. Pode indicar a sua intenção à autarquia local, ao governo ou à Plataforma de Apoio aos Refugiados;
  11. Fazer voluntariado num Centro de Acolhimento para Refugiados. Inscrições aqui. Também pode fazer um donativo para o Conselho Português para os Refugiados (CPR) através do site.