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"Se ela fez, tem que pagar", diz em audiência mãe de acusada de matar embaixador grego no Rio

Françoise Oliveira, suspeita de mandar matar o marido, se emocionou na audiência - JOSE LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Françoise Oliveira, suspeita de mandar matar o marido, se emocionou na audiência Imagem: JOSE LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

18/04/2017 17h06

A mãe de Françoise de Souza Oliveira, de 40 anos, acusada de envolvimento no assassinato do marido, o embaixador grego Kyriakos Amiridis, disse nesta terça-feira (18) durante audiência no Fórum de Nova Iguaçu que, se a filha cometeu o crime, deve ser condenada. Em depoimento emocionado, Rosângela de Souza Oliveira, que definiu a filha como "rebelde", também relatou que Françoise já chegou a agredi-la.

"Acredito que foi uma trama para matá-lo. Foi crueldade. Se ela fez, tem que pagar. Não vou passar a mão na cabeça dela. Me coloco no lugar da mãe dele. Nem pode ver o filho no caixão", disse Rosângela que, em nenhum momento, defendeu a filha.
 
Além de Françoise, outros dois acusados do assassinato acompanham a audiência na 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu/Mesquita, na Baixada Fluminense, o PM Sérgio Gomes Moreira e Eduardo Moreira Tedeschi de Melo, sobrinho do policial. Os três acusados, que aguardam o julgamento presos, e testemunhas devem ser ouvidos pelo juiz Alexandre Guimarães Gavião Pinto.
 
"Não sei porque ela [Françoise] fez isso, ele [Kyriakos] era uma pessoa muito boa. Tratava minha neta, filha da Françoise, como filha dele", disse a mãe da acusada. Rosângela contou que, à época do assassinato, a filha falou que o PM havia matado o embaixador. 
 
A mãe da acusada também relatou comportamento agressivo de Françoise. "Ela chegou a me agredir e a me expulsar da casa por três vezes. Não gostava de ser repreendida."
 

Delegado: "os 3 praticaram o crime"

"Os três estavam em comum acordo para praticar o crime", disse em juízo nesta terça o delegado da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense) Evaristo Pontes.
 
"Acreditamos que fui tudo arquitetado. Françoise parece manipular Sérgio. Ele não era o tipo de pessoa com que [ela] costumava se envolver", afirmou o delegado.
 
"Françoise autorizou perícia na casa e chegou a dizer que não devia nada. Com auxílio de luminol, os peritos identificaram manchas de sangue no sofá, no chão e em panos que foram utilizados na limpeza do local", disse o delegado.
 
Segundo Pontes, a partir da quebra do sigilo telefônico dos suspeitos, a polícia concluiu que "Françoise estava ciente de todas as ações e movimentações".
 

O crime

Segundo investigações, na noite de 26 de dezembro, Sérgio e Eduardo entraram na casa do embaixador, no Condomínio Residencial Bom Clima, em Nova Iguaçu, com as chaves dadas por Françoise ao PM. Ela havia saído com a filha e Kyriakos estava sozinho na casa. 
 
O diplomata foi atacado na sala e sofreu lesões que provocaram uma hemorragia, ainda de acordo com a polícia. Os acusados teriam enrolado o corpo em um tapete e o colocaram dentro de um carro, que foi incendiado próximo ao Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu. A embaixatriz e o PM, que manteriam um caso extraconjugal, chegaram a comunicar à polícia o desaparecimento de Kyriakos.