BRASÍLIA - Dois dias depois de pedir a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot , o presidente Michel Temer disse que a federação brasileira é "capenga" e que há abuso de autoridade quando a lei é extrapolada. Nesta quinta-feira, em cerimônia na Advocacia-Geral da União, Temer afirmou que há um ciclo histórico que fataliza o sistema político.
— A única figura que tem autoridade no nosso sistema é a lei. Quando se ultrapassa os limites legais é que há abuso de autoridade — declarou o presidente, ao lado da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e da advogada-geral da União, Grace Mendonça.
— A lei é que deve imperar em todos os momentos — emendou.
Na última terça-feira, a defesa de Temer pediu ao STF que Janot seja afastado dos inquéritos que investigam o presidente, por considerá-lo parcial e com motivações pessoais. No mesmo dia, o presidente recebeu a sucessora de Janot na PGR, Raquel Dodge, em agenda secreta no Palácio do Jaburu. Dodge é vista como crítica à gestão do atual chefe do Ministério Público.
Há a expectativa de que Janot apresente mais uma denúncia contra Michel Temer no próximo mês, que será o último dele à frente da PGR. No fim de junho, ele havia denunciado Temer por corrupção passiva, mas o processo criminal foi derrubado após votação na Câmara. O peemedebista ainda é investigado no Supremo por organização criminosa e obstrução de Justiça.
Temer chamou a federação brasileira de "capenga" e citou que há um "ciclo histórico" que ameaça o sistema político. Para quebrar esse ciclo, segundo o presidente, é necessário festejar a atual Constituição até daqui a 200 anos.
— Nossa federação é uma federação capenga, ela não é verdadeira. Ela é artificial. Tanto que a autonomia dos estados é muito restrita no nosso sistema. Sempre foi assim, em todos os movimentos.
— Para que possamos romper esse ciclo histórico que fataliza, para usar um neologismo, nosso sistema político e jurídico — completou.