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Teste: Nova Kawasaki Versys-X 300 agrada pela pilotagem

Modelo custa a partir de R$ 21 mil, consideravelmente a mais que suas concorrentes
Apesar de pequena, a "motoquinha" tem bom desempenho Foto: Foto: Divulgação
Apesar de pequena, a "motoquinha" tem bom desempenho Foto: Foto: Divulgação

Antes de tudo, é preciso ressaltar: a Versys-X 300 é uma graça. Pelas fotos, esta pequena Kawasaki pode dar a impressão de ser apenas mais uma “motoquinha legal”, daquelas eficientes e sem maiores atrativos. Mas a caçula da família Versys (já temos por aqui os modelos 650 e 1.000) não fica só na aparência e conquista quem a pilota. Além de seu visual bem-resolvido, essa moto traz virtudes suficientes para cumprir a missão de aumentar as vendas da Kawasaki, que ainda busca seu espaço no Brasil.

A Versys-X 300 vai brigar diretamente com duas best-sellers: Honda XRE 300 e Yamaha Ténéré 250. O único ponto que parece jogar contra é o preço: a novidade custa R$ 21 mil na versão standard, R$ 24 mil na standard com ABS e R$ 26 mil na versão Tourer ABS, que vem de fábrica com alguns mimos extras (cavalete central, protetores de carenagens, manetes e motor, feiosos baús laterais para 17 litros ou 3kg cada, faróis auxiliares e tomada 12V). Esses preços só valerão para as primeiras 200 unidades e/ou até o fim do ano, numa espécie de “promoção de lançamento”. Depois disso, subirão para R$ 23 mil, R$ 25 mil e R$ 27 mil, respectivamente.

Motor e câmbio fazem a diferença

Na lojas das concorrentes, a XRE 300 começa em R$ 16.500 e a Ténéré 250, em R$ 17.200. É muita diferença? Sim. Mas, como veremos adiante, a Versys-X 300 é um produto superior, o que em tese justifica seus valores mais altos. Mas, nem tanto: para ser realmente competitiva, a nova Kawasaki deveria custar no máximo R$ 19 mil em sua versão de entrada. Aí valeria muito a pena o consumidor fazer as contas.

Seu maior problema é o preço. Custa a partir de R$ 21 mil Foto: Foto: Divulgação
Seu maior problema é o preço. Custa a partir de R$ 21 mil Foto: Foto: Divulgação

A principal vantagem da Versys é o motor “girador” com dois cilindros em linha somando 296cm³, refrigeração líquida e comando duplo no cabeçote. Rende 40cv de potência e 2,6kgfm de torque e é o mesmo motorzinho das manjadas e salientes Ninja 300 e Z300. O câmbio tem seis marchas, e aqui temos um barato a mais: a embreagem é assistida e deslizante.

As rivais têm conjuntos inferiores, com caixas de cinco marchas, e motores monocilíndricos de comando simples e refrigeração a ar, chegando a 21cv na moto da Yamaha e 26cv na Honda. A superioridade do torque da XRE (2,8kgfm), praticamente não faz diferença. Muito mais potente, a Versys-X 300 permite viagens que, nas rivais, são sofridas.

O painel de instrumentos é completíssimo, com informações disponíveis apenas em motos de segmentos superiores Foto: Foto: Divulgação
O painel de instrumentos é completíssimo, com informações disponíveis apenas em motos de segmentos superiores Foto: Foto: Divulgação

Outros aspectos mecânicos da Kawa, como suspensões e freios, são absolutamente convencionais. Mas o modelo ainda ostenta um bom tanque para 17 litros, o que lhe dá uma autonomia de aproximadamente 400km andando bem. Na TE250, são 16 litros. E na XRE, não chega a 14 litros. Quer mais? O painel de instrumentos é completíssimo: tem velocímetro digital, conta-giros, indicador de marcha, consumo médio, relógio, temperatura externa e do líquido de refrigeração, indicador de pilotagem econômico (modo ECO) e até marcador de combustível e autonomia. Coisa assim só costumamos ver em motos maiores e bem mais caras. A Versys-X 300 ainda tem para-brisa altinho, mas sem ser exagerado, e bagageiro na rabeta. Feitas as principais apresentações, é hora de acelerar.

Pilotagem instigante

Nosso test-ride foi curto, mas revelador. A posição de pilotagem da Versys-X 300 é acertada na ergonomia, com guidom e pedaleiras em ótima posição e chassi estreitado na área do piloto, o que ajuda a botar os pés no chão quando necessário.

O pecado é a dureza do banco, que certamente será sacrificante em jornadas longas. E bastam alguns quilômetros para percebermos uma virtude: o torque está disponível sempre. Você pode chegar à sexta marcha e deixar cair para 30km/h que a moto não soluça. É que, em relação à Ninja e à Z300, a coroa da relação foi trocada: tem 46 dentes, em vez de 42 (o pinhão é o mesmo, com 14). Mas isso não trouxe vibração ou gritaria excessiva do motor em quaisquer faixas de giros. A sensação, aliás, é de sempre se estar em uma marcha abaixo da real. O motor está cheio o tempo todo. Outra qualidade? A embreagem assistida é uma manteiga: a mão esquerda jamais vai doer no trânsito.

O chassi estreitado na área do piloto ajuda a botar os pés no chão quando necessário Foto: Foto: Divulgação
O chassi estreitado na área do piloto ajuda a botar os pés no chão quando necessário Foto: Foto: Divulgação

Nas curvas, comportamento bom, mas não excepcional. Os pneus mistos Pirelli MT 60 de medidas feitas para esta moto — 60% on e 40% off — têm perfil alto para resistir a impactos, mas faz a frente ficar meio pesada. Apesar de suas características, não encantaram quando passei em mato e areia (se o aro dianteiro, de 19'', fosse de 21'', a festa seria melhor). Os freios foram eficientes e o ABS praticamente não gera tremeliques no manete.

Outros aspectos percebidos foram a pouca proteção dada pelo para-brisa (mais bonito do que útil), a excelente leitura proporcionada pelo painel e a suspensão um tanto rígida — feita para aguentar o tranco off, mas que também dá estabilidade no asfalto. No geral, a Versys-X 300 é a primeira moto pequena da Kawasaki no Brasil com reais chances de se popularizar. Ah, se custasse menos...