WASHINGTON - Os herdeiros de John Rockefeller, magnata que construiu seu império no setor de petróleo, planejam deixar de investir em combustíveis fósseis. A entidade que representa a família, o Rockefeller Brothers Fund, anunciou que ingressará em uma iniciativa que reúne bilionários de todo o mundo com o objetivo de tirar dinheiro de fontes de energia poluentes e apoiar o desenvolvimento de fontes renováveis. O anúncio ocorre na véspera de uma reunião com 120 chefes de estado na Organização das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, marcada para esta terça-feira.
Chamado de Global Divest-Invest, o movimento foi criado há três anos em algumas universidades americanas e reúne 180 instituições. No total, as entidades somam US$ 50 bilhões em ativos, segundo a consultoria Arabella Advisors, que acompanha organizações não-governamentais. Ainda não há dados concretos sobre quanto desse montante já foi, de fato, retirado do incentivo a combustíveis fósseis, mas 85% dos signatários já teriam passado a investir mais em fontes limpas, de acordo com o levantamento.
A fundação Rockefeller ingressa com o compromisso de não investir mais seus US$ 860 milhões em energia poluente, em um prazo de cinco anos (flexível de acordo com as condições de cada instituição). Para os herdeiros da gigante do petróleo, a iniciativa seria aprovada pelo criador do império.
“Estamos convencidos de que se ele (John Rockefeller) estivesse vivo hoje, como um astuto homem de negócios com o olhar no futuro, estaria saindo dos combustíveis fósseis e investindo em fontes de energia limpas e renováveis”, disse Stephen Heintz, presidente da fundação, em comunicado.
MOVIMENTO É CRITICADO POR HARVARD
A entidade se junta a outras instituições dos EUA e de outros países. Entre elas a universidade de Stanford, que disse que não vai mais investir um centavo dos seus US$ 18,7 bilhões em empresas de carvão, conforme fazia até então.
O movimento foi acompanhado por outras universidades menores, mas recusada por outras instituições de peso. Na semana passada, a universidade da Califórnia votou a favor de manter seus investimentos em combustíveis fósseis, frustrando um movimento liderado por estudantes.
A renomada universidade de Harvard, a mais rica dos EUA, também recusou participar do movimento, e criticou a iniciativa. Drew Filpin Faust, presidente da instituição, publicou um comunicado dizendo que ela e seus colegas não acreditam que desinvestimento é “garantido ou sábio”, negando participar com os US$ 32,7 bilhões da universidade, segundo o jornal “New York Times”.
“É um recurso, não um instrumento para incentivar mudanças políticas ou sociais”, afirmou Drew.