RIO - Escolhido pelo governo federal para conversar com as autoridades de segurança pública do Rio, o general-de-divisão da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, de 65 anos, tem fama de ser um militar linha dura. Ele assumiu a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) no último dia 20 de abril depois de ser escolhido pelo ministro da Justiça Osmar José Serraglio.
O general tem na bagagem o comando de uma operação única na República Democrática do Congo: foi mandado para lá em abril de 2013 para caçar, prender e matar aqueles que o Conselho de Segurança da ONU considerava inimigos. Pela primeira vez, desde 1948, a ONU alterava o conceito de manutenção da paz para imposição da paz.
No Congo, à frente de 22 mil homens de 20 diferentes países e com um orçamento de US$ 1,5 bilhão, foi bem-sucedido. Segundo militares ouvidos ontem pelo GLOBO, o general foi lembrado pela ONU para atuar na África depois de outra operação espinhosa, desta vez no Haiti. No comando de 12 mil homens, foi mandado para lá em 2006 e ficou até 2009. Sua missão: tomar a favela Cité Soleil, um enclave de criminosos em Porto Príncipe, a capital do país. Foram quase dois dias de batalha, com baixas civis duramente criticadas por organizações humanitárias.
Na Rio-92, mais de 17 mil homens do Exército reforçaram segurança na cidade
Durante a conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, em junho de 1992, a segurança do Rio foi reforçada por homens do Exército, jipes e tanques, que ficaram estacionados em ruas estratégicas, principalmente por onde passaram as delegações estrangeiras. A operação envolveu mais de 17 mil homens.
Em 1994, Exército faz megaoperação no Borel
Em novembro de 1994, mais de 2 mil homens, incluindo homens do Exército, policiais civis e militares, fizeram uma megaoperação para ocupar os morros do Borel e da Casa Branca, na Tijuca. A operação desarticulou o domínio dos traficantes na região e foi considerada um sucesso.
Em visita do Papa João Paulo II, em 1997, mais de 26 mil homens ocuparam ruas do Rio
Durante a visita do Papa João Paulo II ao Rio, em 1997, mais de 26 mil homens das Forças de Segurança, sendo 6mil das Forças Armadas, participaram de uma megaoperação durante a visita papal, entre os dias 2 e 5 de outubro. Foram utilizados helicópteros da aeronáutica e embarcações da Marinha.
Nas eleições de 2002, mais de 11 mil militares nas ruas do Rio
As eleições de 2002 no estado do Rio ficaram marcadas pelo grande contingente de segurança no estado nos dias que antecederam a votação. Ao todo, mais de 50 mil homens participaram da operação, que incluiu a participação de mais de 11 mil homens das Forças Armadas.
Nove comunidades são cercadas por soldados em 2006
Em março de 2006, homens do Exército cercaram nove comunidades do Rio, num plano conhecido entre os militares como "tática do martelo e da bigorna". A operação mais famosa foi a realizada na Favela da Rocinha, quando 300 militares cercaram a comunidade. Foram utilizados dois carros blindados e helicópteros na ação do Exército.
Durante o Pan de 2007, as Forças Armadas reforçaram a segurança no Rio. A Aeronáutica ficou responsável por vigiar o espaço aéreo, enquanto a Marinha tomou conta da orla da cidade. O Exército prestou apoio logístico às Forças de Segurança, participou de treinamentos de emergência e vigiou estradas e vias de acesso aos locais de competição.
Em 2010, Forças Armadas participaram da ocupação do Alemão
As Forças Armadas tiveram um importante papel na operação que representou a retomada do controle do Complexo do Alemão pelas Forças de Segurança. Com participação de 600 homens e logística da Marinha, a ação foi considerada um sucesso na época, tanto pela rapidez na ação, quanto pelo pequeno número de mortos, todos bandidos.
Na Rio+20, 8 mil homens participam de esquema de segurança
Em junho de 2012, mais de 8 mil militares das Forças Armadas reforçaram a segurança na cidade durante a Rio +20. O efetivo de segurança para o evento, que, assim como a Rio-92, debatia a sustentabilidade, ainda contou com a participação de 2,5 mil homens da PM, 1,4 agentes da Polícia Rodoviária Federal e 1,4 mil da Polícia Federal.
Mais de 9 mil militares das Forças Armadas atuaram na JMJ
As Forças Armadas atuaram no Rio durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em julho de 2013. Na ocasião, foram empregados 9.700 militares, com a missão de ocupar lugares estratégicos da cidade e garantir a segurança papal.
Na Copa do Mundo, cerca de 5 mil militares foram enviados ao Rio
Homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica reforçaram a segurança no deslocamento das delegações, na vigilância de hotéis, na escolta de autoridades, no espaço aéreo e no policiamento marítimo.
Cerca de 22 mil homens fizeram a segurança durante os Jogos
Durante a Olimpíada do Rio, em 2016, cerca de 22 mil homens fizeram a segurança da cidade. Entre eles, 5 mil eram agentes da Força Nacional de Segurança. Eles atuaram na segurança dos aeroportos, na orla e nas principais vias da cidades. Na ocasião, um agente da Força Nacional foi morto após ataque a um carro da corporação na Maré.
O general Santos Cruz é formado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e iniciou sua carreira militar em 1968, ao ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), onde concluiu o curso em 1970. Cursou a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), tendo sido declarado aspirante a oficial de Infantaria em 1974. Desde então desenvolveu uma extensa carreira.
Atingiu o posto de general de divisão de março de 2009 e no retorno ao Brasil, foi comandante da 2ª Divisão de Exército e subcomandante do Comando de Operações Terrestres. Passou para a reserva em novembro de 2012. Em seguida tornou-se assessor especial do Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.