Aros olímpicos são proibidos nos paraolímpicos. Menos na pista de atletismo

Daniel Brito
Do UOL, no Rio de Janeiro
Ide Gomes/Framephoto
Ainda é possível ver os anéis olímpicos na pista do estádio do Engenhão

Quando o nadador inglês Josef Craig passou pelos jornalistas na zona mista, na manhã da quinta-feira, 8, não estava em seus melhores dias. Havia terminado apenas em terceiro sua bateria eliminatória na prova dos 400m nado livre da classe S8. Quando foi perguntado sobre o adesivo com a bandeira da Grã-Bretanha que ostentava no peito, foi curto e grosso: “Isso é notícia velha, não vou comentar a respeito”.

O adesivo com a tal bandeira cobria a tatuagem de Craig com os aros olímpicos. Porém, aros olímpicos não são permitidos nos Jogos Paraolímpicos. Esses têm sua própria logo, e se chama “Agitos”, que são três traços, nas cores vermelha, azul e verde, e algumas reproduções deste símbolo já estão espalhados pela cidade em substituição aos aros olímpicos.

Por esse motivo, o IPC determinou que os atletas que possuam tatuagem dos aros olímpicos ou algum item que venha a se tornar público com a marca, que não seja exibido. Por quê? Porque, embora sejam todos iguais, Jogos Olímpicos são uma coisa. Paraolímpicos, outra. Simples assim. Pode observar que todas as arenas onde se realizam os Jogos entre pessoas com deficiência tiveram a logo olímpica substituída pela paraolímpica.

Josef Craig já provou do sabor amargo de desafiar a autoridade. No primeiro semestre deste ano, ele foi desclassificado do Campeonato Europeu realizado na Ilha da Madeira por não ter coberto os aros olímpicos que estão tatuados em seu peito. Ganhou as páginas dos jornais britânicos por isso. Para não perder a principal competição do ano, que são os Jogos do Rio-2016, cobriu aquele pedaço do corpo com uma bandeira adesiva de seu país. Está na final dos 400m.

A alegação oficial do IPC é: “Propaganda no corpo não é permitida”.

No entanto, Rio-2016 descumpre esta regra. Mas não só ela. Londres-2012 também o fez. Basta ver a pista de atletismo do Engenhão. Os aros olímpicos estão lá, grandes e visíveis bem na reta dos 100m, um dos locais mais visados dos Jogos. É semelhante a uma marca d’água, que não pode ser removida.

A melhor solução é: abrir uma exceção e permitir o símbolo olímpico na pista do Engenhão. Mas incluir ao lado o Agitos, a logo paraolímpica. Foi o que Londres-2012 fez. E o que o Rio-2016 repetiu. “É complicado mexer ali na pista, que é de alta qualidade e sensível a mudanças no piso”, justificou Craig Spence, diretor de comunicação do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional, na sigla em inglês). “Estamos trabalhando nessa questão [do símbolo olímpico na pista do Engenhão], assim que houver novidades, comunicaremos”, acrescentou Mario Andrada, diretor de comunicação do Comitê Organizador da Rio-2016.

Por enquanto, só os atletas paraolímpicos poderão ser advertidos se exibirem os aros olímpicos no corpo nos próximos 10 dias.