• Redação Galileu
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Modelo de uma rede de neurônios (Foto: Pixabay)

Modelo de uma rede de neurônios (Foto: Pixabay)

Um time internacional de pesquisadores descobriu que o autismo estaria relacionado a problemas estomacais, pois há mutações genéticas comuns entre estruturas semelhantes no cérebro e no estômago. Com isso, podem surgir novas possibilidades de tratamento para atenuar as disfunções comportamentais ligadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Nós sabemos que o cérebro e o estômago compartilham muitos neurônios e agora pela primeira vez nós confirmamos que eles também  compartilham as mesmas mutações genéticas”, afirmou  Elisa Hill-Yardin da Universidade do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne, na Austrália. O intestino possui a maior concentração de neurônios fora do sistema nervoso central: o processo de digestão, por exemplo, não depende de uma ação comandada pelo cérebro. 

Segundo Hill-Yardin, mais de 90% das pessoas com autismo sofrem de problemas estomacais, o que pode afetar a vida diária dessas pessoas. Porém, por muito tempo, cientistas se focaram no estudo do cérebro para entender melhor a doença, sem investigar o sistema digestivoo. “Nossos achados sugerem que os problemas gastrointestinais podem vir das mesmas mutações nos genes que são responsáveis pelas anomalias comportamentais e cerebrais do autismo”, explicou a pesquisadora.

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Os cientistas estudaram a função e a estrutura do estômago em ratos e também analisaram estudos pré-clínicos anteriores feitos em animais. A pesquisa se baseou ainda em uma pesquisa de 2003, na qual um grupo de cientistas teria descoberto uma mutação genética que causa o distúrbio neurológico, ao alterar a estrutura responsável pela ligação entre os neurônios.

Os pesquisadores encontraram agora diferenças significativas nos micróbios dos estômagos dos ratos que apresentavam a mutação, quando comparados àqueles que não possuíam a mesma mutação genética.

Segundo Hill-Yardin, a alteração genética é rara, alterando o número de neurônios do intestino e afetando a resposta de um neurotransmissor ligado ao autismo. De acordo com a pesquisa, tal mutação também aumentaria a velocidade com que a comida se movimenta no intestino delgado. 

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