• Redação Galileu
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Modelo 3D do clitóris, órgão do aparelho genital feminino (Foto: Doulcemarie/Wikimmedia Commons)

Modelo 3D do clitóris, órgão do aparelho genital feminino (Foto: Doulcemarie/Wikimmedia Commons)

Uma pesquisa publicada na revista científica Clinical Anatomy aponta que o clitóris, além de proprocionar prazer, é extremamente importante para a reprodução humana. 

O cientista Roy Levin, da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, analisou 15 estudos realizados entre 1966 e 2017 para entender quais seriam as funções do órgão. A revisão concluiu que a estimulação do clitóris provoca mudanças físicas que incentivam a fertilização do óvulo.

As alterações são aprimoramento do fluxo sanguíneo vaginal e aumento na lubrificação, além de variações nos níveis de oxigênio e na temperatura da vagina. O estímulo muda a posição do colo do útero, impedindo que os espermatozoides entrem muito rapidamente no órgão que vai abrigar o bebê. Com isso, os gametas masculinos só chegam ao útero quando estiverem mais ativos e preparados para correr até o óvulo. 

Segundo Levin, essa é uma medida essencial para que a fertilização sejam bem-sucedida. "O mantra de que a única função do clitóris é induzir o prazer sexual agora está obsoleto. O clitóris tem funções procriativas e recreativas de igual importância", diz o especialista, em comunicado. "Todas essas alterações genitais são de grande importância para facilitar a possibilidade de sucesso reprodutivo, não importa como ou quando o clitóris é estimulado." 

Vagina dossiê (Foto: Revista Galileu)

Quando a mulher fica excitada, o clitóris apresenta uma ereção semelhante a do pênis; entenda na ilustração (Foto: Revista Galileu)

Levin considera que o clitóris teve "sua função reprodutiva negligenciada" por muito tempo, mas que seu estudo não quer determinar que o prazer feminino está em segundo lugar. "O objetivo reprodutivo não supera o papel do órgão na produção de prazer sexual", afirma. 

O cientista também aproveitou os resultados de sua pesquisa para criticar a mutilação genital feminina (MGF) – prática de mutilar ou remover o clitóris, geralmente feita em meninas jovens, frequentemente em regiões da África, do Oriente Médio e da Ásia. A MGF é realizada para tentar impedir que mulheres façam sexo antes do casamento ou fora do matrimônio. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a prática não traz benefício algum e causa apenas danos, como dor, sangramentos, problemas urinários e, em alguns casos, até a morte. Além do trauma físico e psicológico, Levin observa que a MGF também pode criar uma deficiência reprodutiva.