Saúde
Clitóris faz (muito) mais do que dar prazer, sugere estudo
Cientista indica que o órgão também tem papel fundamental na fertilidade feminina — e que ideia de que serve só para satisfazer a mulher é obsoleta
2 min de leituraUma pesquisa publicada na revista científica Clinical Anatomy aponta que o clitóris, além de proprocionar prazer, é extremamente importante para a reprodução humana.
O cientista Roy Levin, da Universidade de Sheffield, na Inglaterra, analisou 15 estudos realizados entre 1966 e 2017 para entender quais seriam as funções do órgão. A revisão concluiu que a estimulação do clitóris provoca mudanças físicas que incentivam a fertilização do óvulo.
As alterações são aprimoramento do fluxo sanguíneo vaginal e aumento na lubrificação, além de variações nos níveis de oxigênio e na temperatura da vagina. O estímulo muda a posição do colo do útero, impedindo que os espermatozoides entrem muito rapidamente no órgão que vai abrigar o bebê. Com isso, os gametas masculinos só chegam ao útero quando estiverem mais ativos e preparados para correr até o óvulo.
Segundo Levin, essa é uma medida essencial para que a fertilização sejam bem-sucedida. "O mantra de que a única função do clitóris é induzir o prazer sexual agora está obsoleto. O clitóris tem funções procriativas e recreativas de igual importância", diz o especialista, em comunicado. "Todas essas alterações genitais são de grande importância para facilitar a possibilidade de sucesso reprodutivo, não importa como ou quando o clitóris é estimulado."
Levin considera que o clitóris teve "sua função reprodutiva negligenciada" por muito tempo, mas que seu estudo não quer determinar que o prazer feminino está em segundo lugar. "O objetivo reprodutivo não supera o papel do órgão na produção de prazer sexual", afirma.
O cientista também aproveitou os resultados de sua pesquisa para criticar a mutilação genital feminina (MGF) – prática de mutilar ou remover o clitóris, geralmente feita em meninas jovens, frequentemente em regiões da África, do Oriente Médio e da Ásia. A MGF é realizada para tentar impedir que mulheres façam sexo antes do casamento ou fora do matrimônio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a prática não traz benefício algum e causa apenas danos, como dor, sangramentos, problemas urinários e, em alguns casos, até a morte. Além do trauma físico e psicológico, Levin observa que a MGF também pode criar uma deficiência reprodutiva.