• Natacha Cortêz
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Assucena Assucena lembra como se fosse ontem dos primeiros dias no curso de História da Universidade de São Paulo, a USP. O ano era 2011 e dois alunos na sala de aula roubaram sua atenção. Eram Rafael Acerbi e Raquel Virgínia. Um garoto cisgênero, heterosexual e evangélico de 21 anos, vindo de Poços de Caldas e uma, na época e segundo suas próprias palavras, “quase garota” negra de 23 anos vinda do Grajaú, periferia da Zona Sul da capital paulista. A música era tudo que Assucena – uma outra (“quase”) garota de 23 anos, judia e vinda de Vitória da Conquista, Bahia – Rafael e Raquel tinham em comum. Foi, e tem sido a música, o principal elo entre os três há oito anos. A faculdade de História nenhum deles terminou. Jubilaram, “cada um por seu motivo”. Mas a trajetória na música todos seguiram juntos e inseparáveis até aqui. Em 2015, depois de se aventurarem em um projeto que fazia cover de Amy Winehouse e tinha Gal Costa no repertório, lançaram Mulher, o primeiro disco de As Bahias e a Cozinha Mineira, a banda que em 2019 foi indicada ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, com Tarântula, o trabalho mais recente do grupo.

Raquel, Rafael e Assucena fotografados na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo (Foto: Camila Falcão)

Raquel, Rafael e Assucena fotografados na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo (Foto: Camila Falcão)

Nesse tempo, foram três álbuns de estúdio – para completar a lista, tem Bixa, de 2017 – e uma série de parcerias e momentos inesquecíveis. Cantar com Caetano Veloso na casa do músico em São Paulo e se apresentar ao lado de Elza Soares no Rock in Rio do ano passado são apenas alguns lembrados pelo trio. Porém, mais que colecionar marcos, a rotina é o que alimenta e conecta os três. “A música é algo que se constrói no dia a dia. E é bem assim, todos os dias aprendo algo impressionante por causa do nosso trabalho e da nossa convivência”, diz Raquel, que continua, “cada um de nós tem suas crenças, particularidades e diferenças, mas ainda assim escolhemos ficar juntos por um projeto em comum, que preza pelas liberdades individuais e pela empatia em relação ao outro”.

As Bahias e a Cozinha Mineira recebeu Marie Claire no início de dezembro em um arranha-céu de fachada em tons de azul e verde na República, bairro paulistano onde mora Raquel, vocalista da banda, junto com Assucena. Em uma conversa de três horas, nos contaram de suas referências musicais, que vão de Milton Nascimento a Zezé Di Camargo & Luciano, das bandeiras que carregam em suas canções e de como é preciso estar atento e forte nos dias de hoje.

MARIE CLAIRE Raquel morou por dois anos em Salvador antes da USP. Queria ser cantora de axé e puxadora de trio elétrico. De onde veio essa vontade?
Raquel É engraçado, não?! Mas lembro de quando criança ver o Michael Jackson com o Olodum na TV. Ficou na minha cabeça. Depois, tem o fato de que sempre brinquei de palco, de artista. Minha mãe fala que na primeira vez em que foi numa reunião da escola, a professora disse: “Você que é a mãe do artista?”. Mas também tem a Ivete Sangalo, que é um demarcador na minha história. Só decidi ir para a Bahia por causa dela. Eu queria ser aquela mulher.

MC Você é filha de mãe solo. O que ela disse quando contou que se mudaria de São Paulo para Salvador?
Raquel “Só vou deixar você ir porque conversei com uma amiga que queria ser bailarina e a mãe dela não deixou. Até hoje ela sente por isso. Não vou carregar esse fardo na minha vida. Vai com Deus” [risos].

MC Sua mãe não ficou mal com a sua partida?
Raquel Olha, não é muito do perfil da minha mãe se abalar. Quem chorou quando eu estava indo foi a minha avó materna. Ela caía em lágrimas. Estava com câncer no estômago quando fui, e morreu quando eu estava lá. Lembro da cena: eu no aeroporto de Guarulhos, no portão de embarque. Minha mãe estava ok e minha vó em lágrimas.

MC Por muito tempo foram só você e sua mãe, certo?
Raquel Sim. Ela fazendo de tudo por mim. Fui a única pessoa da família que estudou em escola particular. A gente morava de favor na casa de parente porque ela escolhia pagar escola em vez de pagar aluguel. Queria me proteger.

“A Bahia me trouxe ancestralidade  e uma consciência profunda da minha negritude”,  Raquel Virgínia  (Foto: Camila Falcão)

“A Bahia me trouxe ancestralidade e uma consciência profunda da minha negritude”, Raquel Virgínia (Foto: Camila Falcão)

MC O que a Bahia te deu, Raquel? O que você viveu lá que só seria possível viver lá?
Raquel Ancestralidade. A Bahia me trouxe uma coisa muito forte de ser negra. Meu pai é negro, mas minha mãe não, nem meu padrasto. Não tive uma consciência profunda da minha negritude até ir para a Bahia. 

MC Assucena nasceu em Vitória da Conquista. Raquel morou em Salvador. E você Rafael, já esteve na Bahia?
Rafael Fui para Salvador faltando 15 dias para gravar o disco Mulher. Pensei: “Não vou entrar no estúdio para gravar em uma banda chamadas As Bahias e a Cozinha Mineira sem ter ido à Bahia”. Independentemente do que fosse encontrar, queria ir. Tinha que ir.

MC E sobre as suas referências musicais, Assucena?
Assucena Cresci aos pés da vitrola. Meu pai gostava de Jovem Guarda. Roberto Carlos, Erasmo [Carlos], Wanderléa. Mas foi importante conhecer a Whitney Houston e a Ofra Haza, que é uma cantora israelense. Com a Whitney foi mais cedo porque foi naquele boom de O Guarda-Costas. Eu tinha 5 anos.

MC E quando você entendeu que queria cantar?
Assucena Nessa idade. Lembro de um amigo meu, Everaldo, a gente ouvia Sandy & Junior e chorava nas músicas românticas. Everaldo começou a fazer aulas de inglês, a mãe dele era professora, e ele me convidou para conhecer o coral da escola de inglês. Me destaquei e a escola me ofereceu um bolsa de estudos para eu ser solista.

MC E as suas referências, Rafael?
Rafael Minha família sempre foi musical. Do lado do meu pai, da igreja evangélica, muita gente tocava, mas tudo era sobre o universo religioso. Os hinos da igreja. Fui me interessando por música, fiz aula de bateria, piano. Mas só entendi que queria viver de música quando comecei a ter contato com a obra do Milton [Nascimento].

MC Raquel estava dizendo mais cedo que tem referências artísticas “reaças”. Quais, por exemplo?
Raquel Um monte de pagodeiro.
Assucena Regina Duarte [risos].
Raquel Eu ouço rádio. Não fico no meu mundo erudito. O mesmo valor que dou para Milton, dou para Marília Mendonça. Mas não só. Porque é fácil dizer que Marília é boa. Gosto de Simone & Simaria, Wesley Safadão, Márcia Fellipe, que é dona de um dos maiores hits do ano, “Quem Me Dera”. E vou descobrindo arranjos incríveis. Cresci na periferia. E, ao contrário do que a esquerda branca pensa, na periferia não se escuta Racionais o dia inteiro. Cresci ouvindo Zezé Di Camargo & Luciano. E Zezé Di Camargo é um cara que dá declarações reacionárias e conservadoras. Enfim, prefiro separar artista e obra.

MC Falando em conservadorismo, como o momento político do país afeta o trabalho de vocês – se é que afeta?
Assucena Jair Bolsonaro tem um projeto político que tem o artista como inimigo. Não só o artista, o jornalista e todas as pessoas que têm compromisso com o senso crítico, com a consciência política, com o entendimento de que a cultura é uma expressão fundamental para modificar o indivíduo e para aproximá-lo de uma consciência do que significa a dignidade humana. Festivais independentes nos quais a gente tocou não aconteceram em 2019. O Vento e Satélite 061 são alguns.
Raquel Também tem a perseguição às ideias. Não lembro de em vida ter visto isto pelo que estamos passando. É a primeira vez que estou vendo de forma sistemática, organizada e governamental. E acho que, também, é uma perseguição do núcleo artístico em si. Sabe? Artistas estão sendo considerados antipatrióticos. É como se passassem a desenvolver uma não cultura e só o governo pudesse eleger o que é cultura. O governo passou a ser o censor do que é relevante culturalmente e do que é antipatriótico. Você vê  a própria Rede Globo sendo perseguida. A Folha de S. Paulo. Vê artistas, jornalistas, meios de comunicação sendo perseguidos e ganhando tons nebulosos para que um grupo dê descrédito àquela produção, àquela consciência, à linguagem. Só que a violência estimula a criatividade, então as pessoas estão produzindo e buscando respostas criativas.

“Ouvia Sandy & Junior e chorava nas músicas românticas. Quando criança, me destaquei no coral da escola de inglês”,  Assucena Assucena (Foto: Camila Falcão)

“Ouvia Sandy & Junior e chorava nas músicas românticas. Quando criança, me destaquei no coral da escola de inglês”, Assucena Assucena (Foto: Camila Falcão)

MC Isso instiga vocês a fazer um trabalho de mais resistência e posicionamento?
Raquel Certamente. Nossos corpos já falam muito. Não vamos deixar de nos posicionar e queremos agora fazer chegar em mais pessoas. Nossos corpos, os três juntos, têm uma mensagem.

MC Qual é?
Raquel Exatamente a que você está vendo, é possível conviver deste jeito aqui. Uma judia, um homem branco, uma mulher trans preta. Uma nordestina, um mineiro e uma paulistana. Cada um no seu ritmo, cada um com suas ideias, com suas crenças, com suas vidas particulares, mas ainda assim promovendo um projeto em comum, se ouvindo, não desistindo do debate, se equilibrando no desequilíbrio, buscando soluções e diálogo.

MC E como cidadãos, como o momento do país reflete em vocês?
Raquel Tenho algo importante para dizer sobre isso. Ao invés de ficar gritando “Ei, Bolsonaro, vai tomar no cu”, proponham algo e façam. Entende? Vamos organizar um festival? Vamos fazer um disco, fazer o disco chegar em muita gente? A esquerda analítica não me interessa mais. Acho que todo mundo já entendeu o que está acontecendo. Existe um declínio da democracia e um avanço conservador. Agora: como fazemos para esse avanço parar de ganhar força? Precisamos ocupar os espaços. Colocar projetos em cena. Fazer com que a gente [aponta para os três] não desapareça. Fazer com que as coisas tenham continuidade, porque o apagamento é real.
Rafael E sistemático. Hoje mesmo tem gente torcendo para que uma banda como As Bahias e a Cozinha Mineira desapareça.
Raquel Não é sobre o Bolsonaro, não é sobre o Lula, é sobre os projetos do Brasil República. Quais são os projetos deste país? Este país vai continuar prendendo em massa? Pessoas negras, principalmente? Matando LGBTQs?

MC O Brasil registra, em média, uma morte de LGBTQIA+ a cada 23 horas. Vocês duas já tiveram medo de morrer?
Assucena Com certeza. Eu, por exemplo, não saio sozinha à noite. Já levei murro na cara sem explicação. Já falaram para mim que se eu não estivesse dentro da USP, iriam me bater e me socar. Mas vou te falar, prefiro lembrar das pessoas que sorriem para mim na rua. Claro que tenho que lembrar de denunciar a violência, porque é importante. Mas quero lembrar daquilo que me salva e menos daquilo que me mata. A gente tem que lutar. Lutar para que As Bahias e a Cozinha Mineira aconteça. Para que existam mais beijos da Glamour Garcia na novela. Para que Erica Malunguinho, que é a primeira deputada estadual trans, prospere.

MC Qual foi o momento mais especial que a banda deu a vocês?
Assucena Rock in Rio com a Elza Soares?
Rafael O Grammy? Que foi a primeira viagem internacional da banda.
Assucena Entrar na casa do Caetano Veloso e tocar com ele.
Raquel Talvez tenha sido o Grammy mesmo.

MC Sobre o processo de transição de vocês duas. Como a família de cada uma reagiu? Eles aceitaram?
Raquel Minha família nunca aceitou. 

MC Você já disse em uma entrevista: “Minha mãe é legal, mas é transfóbica”.
Raquel Pois é. As pessoas não aceitam. Elas vão aprendendo a conviver com isso. Mas veja, não fico mais usando as pessoas como parâmetro. Meu parâmetro sou eu. Não fico mais me perguntando sobre o que os outros pensam, a gente sofre se perguntando. Enquanto estão se perguntando se me aceitam ou não, estou escrevendo uma música, um texto, fazendo um negócio. Se eu acreditar todo dia no que escuto sobre mim, vou enlouquecer. Acham que sou uma mulher brava. Eu sou brava, a Assucena fala também que sou. Mas isso não quer dizer que sou um rottweiler mordendo o tempo inteiro. Ou quer dizer [ri].
Assucena Bem, com o meu pai foi bem difícil, fiquei sem falar com ele praticamente dois anos. E ainda é difícil. Ele é extremamente machista e conservador. Com a minha irmã e com a minha mãe foi diferente. Acho que a minha transição refletiu nas duas de um jeito bom, especialmente na minha mãe, que sempre foi submissa ao meu pai e enxergou em mim uma certa emancipação. Ela mudou o jeito que responde a ele depois de me ver transicionar.

MC Na USP, vocês tiveram outros colegas transgêneros?
Assucena Teve um aluno, o Victor, amigo da gente. Ele não era exatamente trans, mas o que chamam de “poc”, muito afeminado, usava batom, vestia saia. Victor tinha uma crise absurda com a mãe, que era evangélica.

MC Há um termo na comunidade trans, “a solidão da mulher trans”, usado para expressar as dores, os preconceitos e os entraves que as mulheres trans têm em se relacionar amorosamente com homens. Vocês duas sentem isso?
Assucena Sim. A verdade é que os homens não querem se relacionar abertamente com a gente. Mesmo que se sintam atraídos, existe uma negação de um relacionamento a longo prazo. Por exemplo, nunca namorei. Tenho 31 anos e nunca namorei. E todos os homens com quem tentei me relacionar negaram profundamente qualquer sentimento por mim. Tanto que não me apaixono mais.

MC Você criou uma resistência?
Assucena Criei uma resistência muito forte. Porque o trauma, para a gente, é especiamente forte. Talvez por isso exista uma negação da figura masculina, que eu tenho visto não só nas pessoas trans, mas também em amigas cisgênero. As mulheres andam decepcionadas, frustradas e maltratadas pelos homens.

MC E você Raquel, já namorou?
Raquel Nunca. No meu caso, eles não estão preparados para uma mulher trans preta, para uma mulher trans preta poderosa, para uma mulher trans preta cheia de texto para dar, para uma mulher trans preta que jamais vai admitir certas coisas. Carrego muita informação, os caras não vão conseguir digerir tão fácil esse grande filé mignon que sou. Essa grande peça maravilhosa. Os caras não conseguem nem lidar. Agora, que sentem atração, sentem. É inegável.

MC Vocês três tiveram, quando crianças, a religião forte em seus cotidianos. Ela ainda
é presente?
Assucena Comigo, a universidade deu todo o arcabouço teórico e filosófico para questionar Deus, e questionei. Foi doloroso, uma fase depressiva da minha vida, porque ser judia era algo profundo em mim. Enquanto vivi em Vitória da Conquista, fui estritamente judia e fiz todos os rituais. Bar Mitzvá e tudo mais. Mas, além do choque da universidade, teve a transição. Quer dizer então que a minha religião me nega? Era essa a pergunta na minha cabeça.  

“O apagamento é real. Hoje mesmo tem gente torcendo para que uma banda como As Bahias desapareça”,  Rafael Acerbi (Foto: Camila Falcão)

“O apagamento é real. Hoje mesmo tem gente torcendo para que uma banda como As Bahias desapareça”, Rafael Acerbi (Foto: Camila Falcão)

MC E então você se afastou do judaísmo?
Assucena Não. A ideia de Deus é tão forte em mim que ela começou a se reconstruir. E de uma forma mais humanizada. Meu Deus hoje é uma energia poderosa, sábia, que instiga o amor, a liberdade, o respeito ao próximo. Continuo praticando o judaísmo e me unindo a judeus que pensam como penso. A comunidade judaica é heterogênea, e há espaço para pessoas trans.

MC E você, Rafael, continua evangélico?
Rafael Sou filho e neto de pastores evangélicos. Até meus 20 anos vivi na igreja. Quando vim para São Paulo, foi também para me desconectar um pouco dessa vida. Tenho pensado em espiritualidade, estou conhecendo e lendo sobre outros modos de ver o mundo. Mas não me interessa o que já vivi naquele passado.

MC E você, Raquel?
Raquel A família da minha mãe é bastante católica. Mas minha mãe me criou de um jeito diferente em relação ao da minha família. Ela perguntava se eu queria ir à missa. Eu dizia que não e ela: “Então não vai”. Então o candomblé apareceu na fase adulta como algo que deveria ter sido e não foi. Porque o candomblé é assim para muitas pessoas negras. Hoje estou tentando me reconectar a essa espiritualidade. 

MC Tem uma frase da Assucena que diz que o processo de transição de gênero envolve toda a comunidade da pessoa em questão. Queria que vocês comentassem isso.
Assucena Todos têm que transicionar junto. Sua mãe tem que transicionar com você, seus irmãos, seus amigos. Se isso não acontece, a pessoa trans sofre demais. Já é sofrido o processo com o espelho. Se quem preza por você te nega, talvez você não aguente. Isso foi interessante de quando conhecemos o Rafa, ele naturalmente transicionou conosco. Ele nunca questionou nada ou negou. Ele apenas nos acolheu.

MC Rafael, o que você aprendeu com elas nesses oito anos que
mais te transformou?
Rafael As experiências com elas foram reviravoltas em todos os meus princípios. Tentar me colocar no lugar delas foi algo bastante transformador. Isso de entender que o preconceito vai desde a maneira mais escancarada à mais microscópica possível. Ele passa da explanação verborrágica para um olhar. E principalmente aprender a não subestimar nenhuma situação. Eu já era silencioso e fiquei mais porque entendi até onde posso ir. Entendi o meu lugar de fala. Entendi o quanto era também participante deste projeto, como fazer essas balanças acontecerem e estar muito aberto a ouvir e aprender.

MC O que vocês duas aprenderam com ele que mudou vocês? 
Raquel Ele me ensinou que existem pessoas que saíram do lugar de onde ele saiu e que podem ser parceiras. Ele está lidando com duas pessoas que têm uma série de feridas, e sabe lidar.
Assucena O Rafa é empático e essa é uma coisa que falta nas pessoas. Ele tem isso de abrir possibilidades para conhecer as pessoas, para se aproximar. Ele poderia se fechar na sua clausura silenciosa, mas não. O Rafa levou a gente para a casa dos pais dele logo no início da nossa transição. Sendo que os pais dele são cristãos. Isso foi uma postura política. Porque as pessoas não levam amigo travesti para conhecer os pais. Por isso existe aquela pergunta: quantas travestis já entraram na sua casa?

BELEZA: CAMILA ANAC (AMUSE) COM PRODUTOS M.A.C, MAKE UP FOR EVER E KISS NY BRASIL/ STYLING: NAYARA REIS/ PRODUÇÃO-EXECUTIVA: VANDECA ZIMMERMANN