• Redação Marie Claire
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Maedeh Hojabri em foto postada em seu conta do Instagram (Foto: Reprodução/Instagram)

Maedeh Hojabri em foto postada em seu conta do Instagram (Foto: Reprodução/Instagram)

A adolescente e celebridade do Instagram Maedeh Hojabri seria apenas mais uma jovem comum em qualquer parte do mundo: postando vídeos e dançando nas redes sociais. Mas recentemente, a garota iraniana de 18 anos foi supostamente presa pelas autoridades do país por ter compartilhado - com seus mais de 600 mil seguidores do Instagram - um vídeo (veja embaixo da página) em que aparece dançando a músicas iranianas e ocidentais. 

Segundo as leis da república do Irã, mulheres são proibidas de dançar ou de não usarem o hijab (véu) em público. No vídeo em questão, Maedeh aparece sem a peça algumas vezes. No país, mulheres também não podem cantar em público - são poucas as cantoras que têm permissão para se apresentarem e quando isso acontece, a plateia deve ser estritamente feminina. 

Depois da suposta detenção, a televisão estatal do Irã divulgou no último sábado (7.07) um vídeo em que Maedeh aparece fazendo pedido de desculpas e dizendo que não tinha intenção de encorajar " outras pessoas a fazerem a mesma coisa". "[O vídeo] não foi feito com o objetivo de chamar a atenção", disse ela, acrescentando que só queria compartilhá-lo com seus seguidores.

Polêmica

O caso rapidamente se tornou objeto de conflito entre fundamentalistas religiosos e outro grupo de liberais, que procuram mais liberdade social no país. Na última segunda-feira (9), Mohamad Taghi Fazel Maybodi, um clérigo reformista, criticou a emissora de TV por divulgar a declaração da adolescente, dizendo que forçar uma mulher a fazer uma confissão e transmiti-la "põe uma mancha na cara" de sua família.

Na internet, muitos usuários vieram em defesa da atitude de Maedeh. Em resposta à prisão, algumas mulheres apoiaram Hojabri ao postarem vídeos de si mesmas dançando, usando a versão iraniana da hashtag #dancing_isnt_a_crime. As mulheres no Irã são proibidas de dançar na frente dos homens, exceto se esses observadores masculinos forem parentes próximos.

Casos anteriores

Não é a primeira vez que o governo do país coíbe jovens nas redes sociais e tenta aplicar punições severas. No Irã, redes sociais como Facebook, Youtube e Twitter são proibidas e as autoridades estudam também banir o Instagram. A prisão de Hojabri é semelhante a um incidente ocorrido em 2014 no qual seis jovens iranianos foram presos por produzir um vídeo baseado na música "Happy", de Pharrell Williams. O vídeo rapidamente viralizou, provocando a ira das autoridades iranianas conservadoras.

Após a detenção, a televisão estatal iraniana mostrou os jovens admitindo que estavam envolvidos na produção de “Happy”, apesar de terem insistido que tinham sido coagidos a participar. Como no caso de Hojabri, a TV iraniana não mostrou os rostos dos indivíduos que faziam as confissões. As sentenças - um ano de prisão e 91 chicotadas - foi suspensa mais tarde. 

A guinada mais liberal de muitos iranianos têm sido respondida com mais repressão pelo governo conservador. No ano passado, o uso obrigatório do véu foi alvo de campanhas na internet, quando mulheres postaram fotos sem o hijab pelas ruas do país. Vinte e oito foram presas.