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Por Cibelle Bouças — De São Paulo


Henry Maksoud Neto, CEO do Maksoud Plaza, vem reestruturando o hotel desde 2014: “Mas com a pandemia ficou impossível sustentar esse passivo” — Foto: Michell Santana/Divulgação
Henry Maksoud Neto, CEO do Maksoud Plaza, vem reestruturando o hotel desde 2014: “Mas com a pandemia ficou impossível sustentar esse passivo” — Foto: Michell Santana/Divulgação

O Maksoud Plaza entrou ontem com pedido de recuperação judicial na Justiça de São Paulo. O pedido envolve dívidas da ordem de R$ 120 milhões, incluindo dívidas trabalhistas e demais credores. As dívidas tributárias, estimadas em R$ 400 milhões, ficaram foram do processo. O pedido envolve o grupo Maksoud de hotéis, que inclui a HM Hotéis (Maksoud Plaza), a Hidroservice (holding) e suas controladas Manaus Hotéis e Turismo e HSBX Bauru Empreendimentos.

“Desde que assumi o hotel em 2014, tive oportunidade de fazer uma reestruturação no hotel e vinha manobrando as dívidas até 2019. Mas com a pandemia ficou impossível sustentar esse passivo”, afirmou Henry Maksoud Neto, CEO do Maksoud Plaza.

Quando o fundador do hotel, Henry Maksoud faleceu, em 2014, seu neto, que começou a trabalhar no hotel aos 15 anos de idade, na década de 1980, assumiu o comando do Maksoud Plaza.

Formado em Economia, Maksoud Neto contratou a consultoria Sonne para definir um plano estratégico para o hotel, implantou regras de governança corporativa, fez mudanças na oferta de serviços. Em 2019, o hotel faturou R$ 72,5 milhões, ante R$ 43 milhões em 2014. O hotel fechou 2019 com margem líquida de 4%, o primeiro ano no azul desde 2000. A taxa de ocupação média ficou em 62%, ante 46% em 2014.

Por causa dos efeitos da pandemia no setor de turismo, o Maksoud Plaza ficou fechado por quase seis meses. Nesse período, os recursos foram consumidos com folha de pagamentos, custos fixos e manutenção do hotel, que custam aproximadamente R$ 1,5 milhão por mês. O hotel foi reaberto em 4 de setembro, mas com uma taxa de ocupação em torno de 3%.

A falta de perspectivas de recuperação no curto prazo levou o hotel a demitir na semana passada 153 dos seus 316 colaboradores e a entrar com o pedido de recuperação judicial.

Também pesou na decisão o risco de antigos credores de empresas do grupo obterem na justiça o direito de executar dívidas que superam R$ 87 milhões, disse Gilberto Gornati, advogado do escritório Thomaz Bastos, Waisberg, Kurzweil Advogados, contratado para representar o grupo na recuperação judicial.

“O grupo tentou acordos extrajudiciais mas não conseguiu um consenso com os credores. O processo de recuperação judicial é um caminho para renegociar com todos os credores, trazendo racionalidade ao processo”, disse Gornati.

A maior dívida do Maksoud Plaza é com a Ajinomoto e gira em torno de R$ 80 milhões. Em 2005, o grupo vendeu um terreno para a Ajinomoto. Três anos depois, em uma decisão da justiça, o mesmo terreno foi a leilão para pagar uma dívida trabalhista do grupo. A Ajinomoto entrou com ação na Justiça para reaver o valor do terreno.

Outra dívida, de R$ 7,4 milhões, refere-se a um processo movido pelo BMC, que foi adquirido pelo Bradesco em 2007. “Todas as dívidas são antigas. Não temos dívida bancária vencida”, afirmou Maksoud Neto.

A dívida mais recente, estimada em cerca de R$ 8 milhões, refere-se à dívida trabalhista gerada com demissões na semana passada. Esse valor também inclui 30 ações trabalhistas antigas do grupo.

Maksoud Neto disse que o pedido de recuperação judicial foi feito incluindo as empresas do grupo porque sua intenção é usar ativos das empresas para ajudar a pagar as dívidas. O patrimônio do grupo inclui um terreno de 7,7 mil metros quadrados no centro de Bauru (SP), que seria usado para a construção de um hotel e um shopping center, mas o Maksoud Plaza não teve recursos para isso.

O grupo possui ainda dois terrenos em Manaus, totalizando 268 mil metros quadrados, que seria usado na construção de um resort. Possui ainda prédios de apartamentos e escritórios, que compõem os ativos da Hidroservice.

O pedido de recuperação judicial é mais um capítulo na história conturbada do grupo. Henry Maksoud fundou em 1958 a Hidroservice, empresa de engenharia e projetos, responsável por grandes projetos como os aeroportos Tom Jobim (Galeão, no Rio de Janeiro) e Eduardo Gomes (Manaus), e as hidrelétricas de Itaipu e Sobradinho.

Em 1979, fundou o Hotel Maksoud Plaza e a empresa de informática Sisco. Foi dono ainda da revista Visão, vendida em 1990 para o grupo DCI Editora Jornalística, que faliu posteriormente. Na década de 1990, após enfrentar dificuldades financeiras, o empresário encerrou as operações da Hidroservice e da Sisco e os passivos dessas empresas foram assumidos pelo Maksoud Plaza. No início dos anos 2000 o hotel também entrou em crise financeira.

Quando Henry Maksoud morreu, em 2014, o empresário legou o hotel ao neto e à sua segunda esposa, Georgina Célia. Os filhos de Henry, Claudio e Roberto contestaram a divisão dos bens na justiça, em uma disputa que ainda não está concluída.

Em outra ação, movida por causa de uma dívida trabalhista de R$ 13 milhões, o hotel Maksoud Plaza foi leiloado em 2011 e arrematado por R$ 70 milhões, pelos empresários Jussara e Fernando Simões, irmãos e proprietários do Grupo JSL, do segmento de logística. A Hidroservice questionou a validade do leilão na Justiça por ter feito o depósito de R$ 13 milhões para o pagamento das dívidas trabalhistas. O pedido foi negado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, em 2012.

A empresa recorreu, no próprio tribunal, e obteve decisão para retomar o controle do prédio onde fica Maksoud Plaza. Os empresários que arremataram o prédio entraram com uma nova ação questionando a decisão. O Tribunal Regional de São Paulo aceitou o pedido e desconstituiu a decisão anterior, determinando o afastamento da família da gestão do hotel. Para afastar a família da operação, no entanto, é necessário que a Justiça determine a emissão de posse do arrematante. Tanto a família Maksoud quanto os empresários ainda esperam a análise de recursos no TST. (Colaborou Beatriz Olivon, de Brasília)

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