Pátria vai disputar torres da Oi

Gestora vai concorrer com a Highline, que propôs R$ 1,06 bilhão

Por Daniela Braun, Raquel Brandão e Mônica Scaramuzzo — De São Paulo


A operadora de telefonia Oi, que está em recuperação judicial desde junho de 2016, faz hoje dois importantes leilões de vendas de ativos, que podem ajudar a reduzir o pesado endividamento da empresa. A tele receberá propostas por seus negócios de torres e de data centers.

O Valor apurou que a divisão de torres é disputada pela Highline do Brasil, controlada pelo fundo americano Digital Colony, cuja oferta é a preferencial - ou “stalking horse”-, e pelo fundo Pátria Investimentos, que também se habilitou para fazer a oferta. A abertura dos envelopes está prevista para ocorrer hoje, a partir das 14h30.

A proposta do Pátria pelas torres da operadora em recuperação judicial foi feita por meio de um seus fundos de infraestrutura, afirmaram três fontes a par do assunto. Com a disputa por esse negócio, o Pátria pode voltar ao setor um ano depois de ter vendido a Highline, sua operação de torres de telefonia móvel criada em 2012, para o Digital Colony.

Por meio da Highline, o Digital Colony fez a oferta de R$ 1,06 bilhão por 637 torres e 222 pontos de antenas da Oi instalados em shoppings, hotéis e outros locais.

Fontes do setor apostam ainda na entrada de novos competidores pela compra de torres da Oi. Uma das apostas é a nigeriana IHS Towers, que entrou no mercado brasileiro no fim do ano passado ao comprar por R$ 2,5 bilhões a Cell Site Solutions (CSS), que pertencia ao banco Goldman Sachs. Com a aquisição, a IHS Towers detém hoje 2.230 torres.

No mercado, a expectativa é de que a Highline ainda se mantenha competitiva no processo, mesmo após a compra dos ativos da Phoenix Tower, de 2.500 torres de telefonia móvel, anunciada na terça-feira. Embora o investimento não tenha sido divulgado, o Valor apurou que Highline pagou cerca de R$ 3 bilhões à Blackstone, que era controladora da Phoenix Towers.

Fonte próxima à Highline afirma que a empresa vai estudar a possibilidade de aumentar sua oferta, mas a expectativa da companhia é de que as possíveis propostas de outros concorrentes não sejam validadas.

Pelo edital, as empresas tinham de se habilitar para fazer a proposta em até sete dias úteis, a partir do dia 16 de outubro. Mas somente a Highline teria protocolado sua proposta no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde está o processo de recuperação judicial da Oi. O Valor apurou que o Pátria também se habilitou por meio de seu fundo de infraestrutura.

Para fontes ouvidas pela reportagem, o anúncio da aquisição das torres da Phoenix pela Highline coloca a empresa em uma situação mais confortável, caso sua oferta fique abaixo de potenciais concorrentes. A estrutura da operadora em recuperação judicial conta com torres mais antigas, com cerca de 20 anos, que exigirão investimentos em manutenção. Mesmo assim, pessoas a par do assunto acreditam que a companhia se mantenha favorita no leilão.

Hoje, a maior empresa em estrutura é a American Tower com 19.000 torres. A Highline é a quarta maior e pretende fazer novas aquisições e construir novos sites para alcançar a liderança do setor nos próximos anos. A companhia já negocia a compra de mais torres e visa ingressar em outros segmentos, como redes de fibra óptica.

Na semana passada, o Pátria anunciou a Winity, uma nova empresa de infraestrutura para telecomunicações. A companhia planeja investir mais de R$ 3 bilhões, com foco em redes sem fio. Os investimentos virão do Fundo Pátria Infraestrutura IV, cuja captação de R$ 10 bilhões foi encerrada em agosto deste ano.

Já o leilão pelos ativos de data centers da Oi teria apenas a Piemonte Holding como favorita. A companhia fez oferta de R$ 325 milhões por cinco unidades de negócios. As ofertas pela unidade telefonia móvel da Oi são aguardadas para o dia 14 de dezembro.

Procurados, a Highline, o Pátria Investimentos e a Oi não quiseram comentar o assunto. O grupo nigeriano IHS não retornou os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro disse que a informação sobre os leilões será disponibilizada após a realização dos certames.

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