Warren recebe aporte de R$ 120 milhões de fundos

Os recursos vão ser destinados principalmente a reforçar a infraestrutura tecnológica

Por Adriana Cotias — De São Paulo


A corretora Warren, fundada em 2017, fechou a sua segunda rodada de investimentos. O aporte, de R$ 120 milhões, foi liderado pelo fundo de venture capital QED Investors, que no Brasil tem fatias no Nubank e na Loft e que nos Estados Unidos foi um dos fundadores da Capital One. O pool foi formado ainda pelo MELI Fund, WPA e o Quartz.

Os fundos Kaszek Ventures (criado pelos fundadores do Mercado Livre), o gaúcho Chromo Invest e o Ribbit, que já eram investidores da plataforma desde 2019, quando injetaram R$ 25 milhões, acompanharam o movimento.

Com cerca de R$ 2 bilhões em recursos sob gestão e 130 mil clientes, Tito Gusmão, sócio-fundador da empresa, não abre em quanto o negócio foi avaliado nessa capitalização.

“A gente não divulga, mas foi uma participação minoritária, o ‘valuation’ subiu bem, acompanhando a evolução dos nossos números”, diz. “Desde o primeiro aporte, a empresa cresceu mais de dez vezes.” Até 2021, a meta é atingir a marca dos R$ 10 bilhões.

As conversas para a série B de investimentos começaram no fim do ano passado. Os recursos vão ser destinados principalmente a reforçar a infraestrutura tecnológica. Nos últimos meses, Gusmão diz ter contratado cem pessoas para a área, e há outras cem vagas abertas. “Não tem mais brecha para não ser eficiente. Tem instituição ganhando com spread e sendo ineficiente com back-office gigante. Hoje ou você tem tecnologia ou está morto”, diz Gusmão.

A infraestrutura de bolsa e de produtos típicos de corretora é onde a Warren pretende empregar parte do capital levantado, oferecendo corretagem zero. Vai ainda aprimorar algumas funcionalidades, como a conta Warren, destinada ao dinheiro de curto prazo em que assegura rentabilidade de 100% do CDI ao investidor.

Outra frente que a novata digital pretende avançar, curiosamente, é na sua rede física. A Warren tem hoje sete espaços, a maioria deles no sul do país e um em São Paulo, em que presta consultoria tradicional, olho no olho. Pretende chegar a 12 unidades até o fim do ano. Rio de Janeiro e Belo Horizonte estão entre as possibilidades.

Essa estrutura é importante, diz Gusmão, para atender clientes de maior patrimônio, acima de R$ 1 milhão, e também para a evolução de outra linha de negócio, que é a oferta de seguros e previdência complementar. Em suma, para oferecer o pacote completo de “wealth management”, não só pensando em investimentos, explica o executivo. Prudential e Icatu são alguns dos parceiros.

Esse modelo híbrido teve seu pontapé no fim do ano passado e ganhou força quando a Warren fechou a aquisição do Patrimônio, um escritório de agentes autônomos, com histórico de dez anos, que era ligado à XP Investimentos. Com uma carteira na casa dos R$ 2,5 bilhões e cerca de 3 mil clientes, Gusmão conta que, desde março, cerca de metade deles, algo próximo de R$ 1 bilhão, fez a migração. Outras assessorias com o perfil de “asset allocation” estão no radar para parcerias semelhantes.

Os profissionais que trabalhavam sob o modelo de comissão por produto vendido na XP alteraram para o de taxa fixa usado pela Warren. Dentro de carteiras administradas, a empresa devolve rebates e outras comissões para os clientes.

Segundo Gusmão - que foi da XP e tem como sócios outros dois executivos egressos da plataforma, Marcelo Maisonnave e Eduardo Glitiz -, essa forma de tarifação remove conflitos potenciais na distribuição de investimentos porque tudo o que a empresa ganha vem do cliente.

No atendimento direto ao consumidor, cobra 0,5% ao ano do patrimônio investido. Os consultores plugados à plataforma colocam um adicional em cima disso, sendo essa a sua única forma de remuneração. Hoje são cerca de 200 parceiros e o plano é chegar a 400 profissionais até o fim do ano.

O executivo diz que o recente embate entre Itaú Unibanco e XP - com o banco levantando a bola do conflito de interesse em comerciais veiculados no horário nobre da TV - acabou jogando os holofotes no modelo de taxa fixa. É a forma que predomina nos escritórios de gestão de fortunas, em comparação ao transacional, de escritórios de agentes autônomos e da maior parte da rede bancária, em que os profissionais são remunerados pelo que vendem.

Gusmão entende que esse é um “mato alto ainda a ser desbravado”, porque as taxas de juros historicamente elevadas no Brasil deixaram as questões ligadas a custos e transparência em segundo plano. Agora, com a Selic em 2,25% ao ano, o investidor tem que buscar melhor retorno e estruturas mais eficientes. “O cliente, depois que entende o modelo, prefere o de ‘fee commission’, porque está 100% alinhado com os objetivos dele”, diz Gusmão.

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