Em um pronunciamento nacional de rádio e TV nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro criticou a imprensa por criar "histeria" e governadores, por adotarem um "conceito de terra arrasada" no combate ao coronavírus. E criticou medidas restritivas, como o fechamento de escolas, a "proibição do transporte" e o "confinamento em massa".
Na transmissão, que durou cinco minutos, Bolsonaro pediu ainda que o país volte à "normalidade" em nome da manutenção do emprego e da preservação do sustento das famílias, em uma crítica ao isolamento social que as cidades vêm adotando para conter o alastramento do vírus.
O Valor apurou que o texto lido esta noite por Bolsonaro não foi alinhado com nenhum ministro palaciano. O tom adotado na fala seguiu as diretrizes de um grupo de assessores especiais da Presidência ligado ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, o chamado "gabinete do ódio". O presidente deixou de lado a postura mais moderada que vinha adotando nos últimos dias, aconselhado por auxiliares.
A fala foi acompanhada por panelaços em diversos Estados. Em cidades como Brasília, Rio e São Paulo, os protestos se estenderam por alguns minutos além do pronunciamento.
Bolsonaro acusou a imprensa de "espalhar uma sensação de pavor" na população. Ele criticou as referências ao "grande número de vítimas na Itália, um país com grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso". E apontou "um cenário perfeito, potencializado pela mídia, para que uma verdadeira histeria se espalha-se pelo nosso país".
O presidente pediu que o país volte à normalidade, sentenciando que "o vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará".
"Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos.
O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade", afirmou.
Bolsonaro também criticou restrições impostas em meio à crise por governadores, com quem vem mantendo uma série de teleconferências nesta semana.
"Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, como proibição de transporte, fechamento de comércio e confinamento em massa", afirmou.
Por que fechar escolas?
O presidente ainda questionou medidas que vem sendo adotadas para conter o alastramento do vírus.
"O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade", afirmou.
"Sem pânico ou histeria, como venho falando desde o início, venceremos o vírus."
Bolsonaro disse que "90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine". E pediu "extrema preocupação" para não transmitir o vírus para outras pessoas, "em especial aos nossos queridos pais e avós".
O presidente citou a boa forma física para se dizer menos vulnerável à covid-19, causada pela covid-19, que voltou a comparar a uma "gripezinha".
"No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria oiu seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão", afirmou.
Bolsonaro também se referiu estudos no Brasil e nos EUA para comprovar a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19.
"Nosso governo tem recebido notícias positivas sobre este remédio fabricado no Brasil e largamente utilizado no combate à malária, lúpus e artrite", afirmou.