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Após negar segunda onda de Covid-19, Economia defende acerto quanto ao PIB

A VEJA, secretário afirma que pasta se limitava a projeções de crescimento; à CPI, Adolfo Sachsida diz que Ministério da Saúde não foi ouvido

Por Victor Irajá Atualizado em 13 jul 2021, 14h48 - Publicado em 13 jul 2021, 14h04
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  • O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, foi mais um integrante do governo a ser trazido ao furacão da CPI da Covid. Em ofício enviado à comissão, o secretário, um dos mais importantes nomes da equipe econômica do ministro Paulo Guedes, afirmou que não se comunicou ou trocou documentos com o Ministério da Saúde, quando defendeu a tese de que o Brasil estaria próximo de atingir a chamada imunidade de rebanho, no ano passado, acreditando que não haveria uma segunda onda da doença. VEJA indagou o secretário sobre a relação entre os números projetados pela Secretaria de Política Econômica (SPE) e as previsões em torno da disseminação da Covid-19, que se provaram erradas. Sachsida afirmou que já se desculpou pela hipótese de imunidade, mas defendeu que os números econômicos apresentados — o trabalho principal de sua secretaria — se mostraram mais corretos do que as projeções de mercado.

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    Em novembro, a SPE apontou que o país teria uma queda de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, com crescimento de 3,2% em 2021. “Creio que a resposta de nosso ofício foi bem clara. Nossos estudos servem para prever PIB e nossa previsão foi mais acurada que a de mercado”, afirmou ele, por meio de mensagens. O PIB país, de fato, amargou queda de 4,1% no ano passado, índice semelhante ao projetado por Sachsida.

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    Em resposta a um requerimento de informação do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Pandemia, o secretário Saschida afirmou que “não houve qualquer comunicação e/ou troca de documentos do Ministério da Saúde (MS) com a SPE” para a realização das projeções. No ofício, o secretário alega que os números foram projetados com base em uma série de informações levantadas pela equipe técnica da SPE acerca da evolução da pandemia, afirmando ainda que as projeções levam em consideração “o mínimo de inferências de natureza epidemiológica”. O secretário deve ser convocado para depor aos senadores.

    Imunidade

    A projeção do Ministério da Economia, porém, levava em consideração a teoria cantada pelo presidente Jair Bolsonaro e seus assessores de que o país atingiria a chamada imunidade de rebanho, quando parcela significativa da população teria se contaminado pela Covid-19 e criado anticorpos, rechaçando a possibilidade de uma segunda onda da doença, o que acabou acontecendo com força durante o início deste ano. Em novembro, o secretário chamou de “questão hipotética” a possibilidade de uma segunda onda da doença. “Acho baixíssima a probabilidade de segunda onda. Não apenas isso, os dados que nós temos mostram algo concreto, que é a força da retomada econômica. O setor de serviços está cada vez mais forte. Fico muito tranquilo quanto a isso e não tenho preocupações adicionais com questões hipotéticas”, afirmou.

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    A fala do secretário encontrava, na ocasião, coro no ministro Paulo Guedes. Em dezembro, Guedes afirmou que “as pessoas estão voltando ao trabalho, a doença fez um retorno, mas não podemos falar em segunda onda”, classificando os índices já crescentes como um “repique”.

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    Os fatos posteriores derrubaram essas expectativas. O país atingiu o pico de mais de 3 mil mortes diárias em abril. Indagado sobre a previsão, o secretário foi breve: “Já me desculpei por essa fala em janeiro”. “Nós acertamos razoavelmente bem a previsão de PIB. Melhor que o mercado, inclusive”, afirmou. VEJA reiterou se as expectativas erradas em torno da disseminação da doença não poderiam afetar as previsões, sobre o que Sachsida tergiversou. “Não irei comentar assuntos fora da alçada da secretaria. No que nos diz respeito, nossas estimativas de PIB foram mais acuradas que as de mercado”, reforçou. Uma análise corrente no mercado é que, apesar de uma forte segunda onda de contaminações e mortes, a atividade econômica brasileira respondeu melhor do que o esperado frente às restrições de operação de comércios e serviços, ou por cansaço da população frente a lockdowns ou por as empresas estarem agora melhor adaptadas a operar remotamente.

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    Quando instado a responder se o Ministério da Saúde havia sido ouvido para a consolidação das previsões de novembro, Sachsida não respondeu: “A SPE faz previsoes de PIB. Nesse sentido nos limitamos a isso”. Perguntado se os dados não se baseavam na percepção de arrefecimento da doença, e tendo constatado que a segunda onda da doença matou mais do que a primeira, Sachsida também não respondeu. VEJA indagou se o Ministério da Economia levou em consideração o alastramento da Covid-19 para refazer os cálculos e se os resultados econômicos poderiam ser reflexo da mudança de postura da população em relação à doença, “o que explicaria a acurácia em torno dos números com o erro em torno das previsões a respeito da doença”. “Prefiro não fazer especulações”, respondeu o secretário.

     

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