Em sua tradicional eleição da palavra do ano, o dicionário britânico Oxford anunciou o termo “pós-verdade” (post-truth) como o vencedor de 2016. A expressão ganhou espaço em análises políticas na imprensa de língua inglesa, durante um ano de reviravoltas inesperadas, como a saída do Reino Unido da União Europeia e a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos.
Pós-verdade é definida pelos editores do dicionário como um adjetivo relacionado a “circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal”. Seu uso teria aumentado 2.000% em relação ao ano anterior, de acordo com jornal The Guardian, devido a discussões políticas.
A escolha foi um retorno à formalidade, depois do vencedor ousado de 2015: o emoji do “rosto com lágrimas de alegria”. Neste ano, outros fortes concorrentes ao título também representavam o período de fortes debates políticos no mundo. A lista final incluía alt-right, algo como “direita alternativa”, Brexiteer, a pessoa defensora da saída do Reino Unido da UE, e latinx, designação com gênero neutro para latino-americanos.
Segundo o presidente do dicionário Oxford, Casper Grathwohl, o emprego de “pós-verdade” cresceu para explicar as consequências das redes sociais como fonte de notícias, além da “crescente desconfiança mundial nos fatos oferecidos pelo establishment”. Em setembro, o termo ganhou a capa da revista americana The Economist, na reportagem “Arte das Mentiras: Política pós-verdade na era das mídias sociais”.
O novo termo votou a figurar na imprensa após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, comparada ao Brexit britânico pelos discursos acalorados nas redes, baseados em informações nem sempre verídicas. “Obama fundou o Estado Islâmico. George Bush estava por trás do 11 de setembro. Bem-vindos à era pós-verdade”, escreveu a The Economist. “Entramos em uma era pós-verdade e não há como voltar atrás”, apontou o britânico The Independent, depois da eleição americana.