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A água dos canais de Veneza ficaram mais claras (Foto: ANDREA PATTARO/ AFP)

A água dos canais de Veneza ficaram mais claras (Foto: ANDREA PATTARO/ AFP)

Num momento em que manchetes ruins se propagam com a velocidade da luz e o mundo vive uma situação inédita para algumas gerações - forçadas a mudar completamente seus hábitos mais normais -, a natureza desafia, mais uma vez, que a responsabilidade pela crise climática é toda nossa e mais: que juntos somos a mudança que o planeta precisa.

Desafiando todo e qualquer raciocínio de que não somos responsáveis pela crise climática no planeta, três efeitos da quarentena no meio ambiente já podem ser sentidos e vistos, comprovando que há sim esperança para o planeta - só precisamos agir. 

A primeira notícia, que viralizou nas redes sociais, vem da Itália: os famosos canais de Veneza, que têm suas águas lamacentas por conta da alta circulação de gôndolas de turistas, voltaram a ter água cristalina. “A água agora parece mais clara porque há menos tráfego nos canais, permitindo que o sedimento permaneça no fundo", explicou um porta-voz da prefeitura à CNN. Com isso, peixes se multiplicando nadando ao fundo voltaram a ser vistos.

A água cristalina dos canais de Veneza (Foto: ANDREA PATTARO/ AFP)

A água cristalina dos canais de Veneza (Foto: ANDREA PATTARO/ AFP)

Enquanto isso, a qualidade do ar vem melhorando significativamente em diversos pontos do mundo. Na China e na Itália, os dois maiores focos da pandemia atual, cientistas já confirmam: os níveis de dióxido de carbono e dióxido de nitrogênio no ar diminuíram drasticamente - graças, entre outros, ao cancelamento do tráfego aéreo e a proibição de trânsito de carros pelas ruas.

"O dióxido de carbono é diretamente ligado a atividades industriais, produção elétrica e transporte, então tudo que afeta estes setores vai afetar os gases de efeito estufa", explicou Christopher Jones, da CoolClimate Network, um consórcio de pesquisas da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Abaixo, as imagens da Nasa mostram a diminuição de dióxido de carbono no ar da China ao longo de dois períodos: primeiro, antes da quarentena, de 01.01 a 20.01 e, depois, durante a quarentena, de 10.02 a 25.02.

Imagens de satélite da China (Foto: Twitter Nasa/ Reprodução)

Imagens de satélite da China (Foto: Twitter Nasa/ Reprodução)

Já em São Francisco, que também está em com sua população toda dentro de casa, a concentração média de partículas finas de poluição no ar, nos últimos cinco dias, diminuiu 40%. Em Nova York, por sua vez, a queda deste índice foi de 28% e, em Seattle, de 32%. 

As partículas finas de poluição, que medem menos de 2,5 milionésimos de metro, são perigosas pois podem facilmente ser inaladas pelo pulmão - sendo o quinto motivo de mortes no mundo em 2015.

Para se ter ideia, pesquisas já sugerem que as partículas finas, sozinhas, causam mais mortes e doenças do que todas as outras exposições ambientais juntas.

Experts, porém, afirmam que as reduções são passageiras: quando os países voltarem às suas rotinas normais, os números voltarão a subir. A questão é: quando a crise passar, será que voltaremos iguais às ruas e às nossas rotinas. Por um lado, espera-se que não: com mudanças positivas que só reforçam nosso impacto no planeta vistas a olhos nus, que a mudança seja inevitável.