Buenos Aires, 30 de julho de 2016
Muitos livros da literatura argentina se dedicaram a tentar descrever o sutil, ainda que áspero, caráter do “gaúcho”, um personagem presente não só no folclore local como nos campos argentinos.
São livros como Don Segundo Sombra, do autor Ricardo Güiraldes, nativo de San Antonio de Areco. O Guirraldes descreve não é exatamente uma figura do passado, o gaúcho argentino ainda vive nos livros e nos campos do país. Mas é difícil vê-lo na cosmopolita Buenos Aires onde 15 milhões dos 40 milhões de argentinos vivem. No entanto, a apenas poucos quilômetros de distância é possível adentrar um outro mundo, onde o tempo se detém e certas tradições se conservam como um retrato quase intocável de um passado remoto. Este lugar é San Antonio de Areco.
Fundada por jesuítas no século XVII, o pequeno povoado de San Antonio Areco, ou simplesmente Areco, é hoje um austero destino turístico de fim de semana para os portenhos e casa de muitos trabalhadores do campo que ainda mantem as tradições. “É uma maneira tangível de lidar com a nostalgia, que é intangível”, explica Mariano Draghi sobre a estética criada pela família no Parador Draghi, uma pousada que a família administra no centro histórico da cidade.
O Parador Draghi é parte de uma San Antonio de Areco coberta de prata e esmero, com influências da Igreja católica e europeia. São nove quartos e um jardim inspirado na Itália, além de um pequeno museu dedicado ao dom da família: a prataria.
“Muitos turistas usam o povoado como um ponto de partida para conhecer a região. E muitos vem descansar no fim da viagem à Argentina”, conta a matriarca da família Marta Draghi que diz ter recebido gente de todo o mundo na Pousada e alguns famosos como o ator americano Robert Duvall.
Não é difícil entender porque Areco atrai turistas de vários países. O povoado é a maquete viva de uma argentina rural e mística que ainda retumba as riquezas do passado e a inocência do camponês.
Com uma oferta abundante de restaurantes, museus e passeios, San Antonio de Areco oferece aos turistas sombra e água fresca. É preciso, no entanto, apenas evitar os momentos de chuvas intensas, quando o nível do rio que bordeia a cidade sobe chegando a inundar as partes mais baixas do povoado, e os feriados mais populares quando a cidade lota. Mas vale a pena ir, no começo de novembro, a Festa da Tradição, quando é possível ver o melhor da tradição gaúcha, com cavalos, danças e comidas típicas.
Com mais de 200 anos, e conservando sua fachada histórica intacta, e alguns objetos de época como a velha caixa registradora e garrafas de bebidas antigas está o imponente Boliche de Bessonart. É nele que, no começo da noite, o velho mundo e o novo se encontram. Em um dos espaços mais democráticos do povoado, fundem-se turistas, gaúchos e os trabalhadores do campo, que os locais chamam de paisanos, para um aperitivo e uma boa prosa.
A poucos metros dali, está um dos restaurantes mais tradicionais do povodo. Em uma mansão de mais de 170 anos, o restaurante Ramos Generales serve alguns dos clássicos do campo argentino. É aqui também que turistas e locais se entregam ao churrasco que rendeu a Argentina fama internacional.
Outro clássico da cidade são as “picadas”: abundantes tábuas de queijos, salames e presuntos da região. A Pulperia Lo de Tito oferece um ambiente cálido e aconchegante para um vinho e uma 'picada' ou mesmo “empanadas” quentinhas de agasalhar o coração em uma tarde fria de inverno.
Depois de comer, nada melhor do que gastar as calorias caminhando pelo centro histórico da cidade. Não faltam opções culturais, como pequenos museus que desmonstram a heterogeneidade da história do povoado, com suas correntes migratórias, como a presença inglesa e irlandesa na região, e sair para comprar em algumas das dezenas de lojinhas do centro de San Antonio de Areco. Prataria, couro e charcutaria estão entre os melhores souvenires para trazer do povoado além do argentiníssimo alfajor feito totalmente artesanalmente na chocolataria Olla de Cobre.
Muitas estancias rurais também oferecem passeios como cavalgadas e dias no campo. Mas, aqueles que se dão por satisfeitos com acompanhar o ritmo sonolento e pacato da bucólica San Antonio de Areco, ganham ainda uma última recompensa: um deslumbrante pôr do sol campestre sobre o rio Areco. Com calma, tradição, tranquilidade e descanso, San Antonio de Areco é escapada perfeita da cosmopolita Buenos Aires.
Serviço
Como Ir
A empresa de ônibus Chevallier oferece o serviço saindo da Rodoviária de Buenos Aires (Retiro). São linhas regulares cerca de oito vezes por dia. A viagem custa em média R$30 e dura cerca de 1h40.
Onde Ficar
Paradores Draghi (Rua Matheu 380). O hotel é o favorito em sites de viajantes como o Tripadvisor. Diárias a partir de US$ 90. Reservas: http://www.paradoresdraghi.com.ar Onde comer Ramos Generales (Rua Zapiola 143)
Onde comer
Ramos Generales (Rua Zapiola 143)
Lo de Tito (Matheu 400)
Onde beber
El Boliche de Bessonart (esquina Zapiola e Segundo Sombra)
Onde comprar
La Olla de Cobre (Matheu 433)
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