Ampliar negócios e reduzir custos

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Charles Krieck*

Independentemente do cenário global de incertezas, que também afeta o Brasil, as empresas podem e devem buscar alternativas para incrementar seu desempenho e obter melhores resultados, em benefício de seus acionistas, sócios, dirigentes e colaboradores, bem como da sociedade. É importante ficar atento às possibilidades, numa conjuntura nacional ainda desafiadora, mas com tendência de recuperação. No terceiro Boletim Macrofiscal produzido pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, divulgado em 19 de julho, a estimativa para a expansão do PIB de 2023 subiu de 1,9% para 2,5%. O setor agropecuário, impulsionado pela safra recorde de grãos, teve sua projeção de avanço aumentada de 11% para 13,2%. Na indústria, a previsão registrou alta de 0,5% para 0,8% e nos serviços, de 1,3% para 1,7%. Além disso, o Boletim Focus do Banco Central vem apontando semanalmente a queda da inflação.

Os números, embora ainda tímidos, sinalizam oportunidades. Ademais, a despeito da performance da economia, as empresas têm potencial de êxito com uma agenda própria de fomento de seus negócios, melhoria da produtividade e diminuição de custos. Uma das medidas nesse sentido é investir em tecnologia, como inteligência artificial, automação e análise de dados, para otimizar processos, reduzir o tempo de produção e aumentar a eficiência. Para isso, é importante a aproximação das áreas de tecnologia da informação e de operações. As tarefas manuais e repetitivas deverão ficar a cargo das máquinas, disponibilizando-se mais tempo para o exercício do talento humano. Assim, é determinante o engajamento dos profissionais nessa jornada, na qual, conforme temos observado, as principais tendências são “operações responsivas”, “interações e processos transparentes” e “experiências centradas no cliente”. Medida indispensável refere-se à segurança cibernética, considerando o agravamento dos ataques de ransomware.

Outra vertente para otimizar a performance das empresas, de acordo com as possibilidades operacionais de cada organização, é adotar o trabalho híbrido, aproveitando-se a experiência do home office na pandemia. Trata-se de alternativa para reduzir custos com aluguel de escritórios e deslocamento dos colaboradores, além de lhes oferecer mais flexibilidade. Investir no e-commerce, medida igualmente proporcionada pelo aporte tecnológico, é uma iniciativa pertinente, considerando o potencial significativo de aumento das vendas e conquista de novos clientes.

Buscar parcerias estratégicas também é relevante, pois possibilita reduzir custos com produção e distribuição e expandir a base de clientes. É uma forma de compartilhar recursos, conhecimentos e experiências, além de abrir novas oportunidades de negócios. Economia e eficácia são viabilizadas, ainda, pela eliminação de desperdícios, otimização de processos e melhor gestão de estoques. É recomendável que as empresas estejam sempre focadas na avaliação dos seus modelos e padrões operacionais e busquem constantemente maneiras de melhorá-los.

Algo crucial é manter grande atenção às mudanças nas demandas dos clientes e consumidores. A pandemia acelerou tendências e estabeleceu critérios até então inusuais sobre como as pessoas tomam decisões de compras e como selecionam suas preferências por marcas e fornecedores, tanto nos mercados B2B, como B2C. As empresas precisam estar preparadas para responder às transformações, prospectando múltiplas oportunidades de negócios e se adaptando rapidamente aos novos cenários.

Cabe salientar, ainda, que, no propósito de melhorar a performance, os aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) são cada vez mais imprescindíveis. Investidores institucionais, clientes, consumidores, reguladores e todos os stakeholders exigem de maneira crescente atitudes afirmativas das organizações quanto à sustentabilidade, responsabilidade com as comunidades nas quais estão inseridas e compromisso com o compliance, transparência e até mesmo resultados econômico-financeiros positivos, cujos reflexos são tangíveis na sociedade e na economia dos países.

Ao mesmo tempo, os preceitos de ESG proporcionam ganhos de imagem e reputação e podem ser uma forma de diminuir custos e aumentar a eficiência operacional. Afinal, práticas sustentáveis, por exemplo, possibilitam redução do consumo de recursos como água e energia e mitigam o impacto ambiental da empresa, o que significa menos riscos para os negócios. Cabe enfatizar que os princípios de ESG estão intrinsecamente interligados com a transformação digital, pois tecnologias como energia renovável, veículos elétricos e automatização de processos atenuam o impacto ambiental e melhoram a eficiência operacional. Além disso, a análise de dados é uma ferramenta vigorosa para a compreensão das demandas dos clientes e consumidores e criação de produtos e serviços customizados e mais sustentáveis.

Nossa percepção é de que o mercado nacional, a despeito das incertezas, está cada vez mais resiliente e conectado. Assim, a adoção de medidas para incrementar os negócios, aumentar sua produtividade e reduzir custos é fundamental para o enfrentamento dos atuais desafios e para que as organizações respondam às expectativas dos executivos e da sociedade quanto à retomada de níveis mais robustos de crescimento do PIB.

(*) Charles Krieck é presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul.

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