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Caos no interior: pacientes esperam uma semana por leito de UTI em GO

Cidade da região metropolitana de Goiânia improvisa leitos semi-intensivos para atender pacientes de Covid-19 que deveriam estar na UTI

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pacientes em leitos semi-intensivos na UPA de Inhumas, em Goiás. eles estão intubados e aguardam leitos de UTI para tratar a covid-19
1 de 1 pacientes em leitos semi-intensivos na UPA de Inhumas, em Goiás. eles estão intubados e aguardam leitos de UTI para tratar a covid-19 - Foto: Reprodução

Goiânia – A lotação dos hospitais e dos leitos de Covid-19 em Goiás já reflete no tempo de espera de pacientes de cidades do interior do estado. Pessoas que deveriam ser encaminhadas para UTIs são tratadas em leitos improvisados semi-intensivos de unidades de saúde local, enquanto aguardam pela liberação dos leitos adequados.

Em Inhumas (GO), cidade da Região Metropolitana de Goiânia, alguns pacientes chegam a esperar até uma semana, conforme registros de solicitação feitos ao serviço de Regulação, aos quais o Metrópoles teve acesso com exclusividade.

Até essa sexta-feira (5/3), na relação oficial de pacientes do município, constavam pessoas que esperavam pelo leito de UTI desde os dias 26 e 28 de fevereiro. A reportagem entrou em contato com familiares desses pacientes, neste sábado (6/3), e confirmou a continuidade da situação. Eles seguem aguardando, intubados em leitos semi-intensivos.

O promotor de Justiça Mário Henrique Caixeta recorreu ao Judiciário para tentar resolver o problema e fazer com que o estado cumpra decisão judicial de setembro do ano passado, que obriga o governo a encontrar leitos para os pacientes da cidade, seja na rede pública ou privada.

“Delineia-se uma tragédia nunca vista antes”, escreveu ele na petição encaminhada ao juiz plantonista, nessa sexta-feira. A decisão judicial de setembro prevê que o não cumprimento imediato do que ficou estabelecido propicia o arbitramento de multa. Diante disso, o promotor estipulou um valor para a causa de R$ 500 mil.

O Metrópoles entrou em contato com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e segue no aguardo do posicionamento sobre o caso.

 

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“Estou desesperada”

O marido de Wilsonete Rodrigues Ferreira, o motorista rodoviário Edinaldo José Ferreira, de 49 anos, é um dos pacientes citados na relação de 11 pessoas de Inhumas que aguardavam até essa sexta-feira a liberação de leitos de UTI, na rede estadual, para serem encaminhadas.

O registro da solicitação dele informa que o pedido foi feito no domingo (28/2) e, até a tarde deste sábado, seguia sem resposta. “Estou desesperada. O estado de saúde é grave. Ele está internado desde o dia 27 e está intubado já vai fazer sete dias na semi-UTI”, diz a esposa.

Wilsonete conta que o marido estava viajando a trabalho e chegou no dia 17 de fevereiro, quando apresentou sintomas da Covid-19. Ele fez o exame e o resultado saiu cinco dias depois. Entre a internação e a sedação, foram apenas algumas horas.

Edinaldo está internado na UPA Lázaro Alberto de Moraes, que tem quatro leitos semi-intensivos e 20 leitos de enfermaria. A unidade precisou ser readequada para priorizar o atendimento de casos da Covid-19. Nesta tarde, todos os leitos estavam ocupados por pacientes contaminados pela doença.

“Caso complicado”, diz enfermeiro

O Metrópoles falou com o enfermeiro responsável pela Regulação dos pacientes que estão na UPA. Na madrugada deste sábado, segundo ele, dois conseguiram vagas de UTI e foram transferidos para hospitais de Goiânia. Bastou eles saírem, no entanto, que novas pessoas com Covid-19 deram entrada e o local atingiu 100% de lotação, novamente.

“Está um caso complicado. Está tudo cheio de novo, e é tudo Covid. Estamos improvisando salas para abrir leitos de enfermaria. Temos ventiladores mecânicos e monitores, como se fosse semi-UTI. Tem pacientes em estado grave aqui”, conta ele, que pediu para não ser identificado.

Um dos pacientes transferidos na madrugada foi o eletricista Fernando Rodrigues Tavares, de 39 anos. A solicitação dele por um leito de UTI também foi feita no dia 28 de fevereiro e só saiu neste sábado.

“Ele estava estável, mas nessa coisa de esperar, esperar, o quadro piorou e hoje ele chegou na UTI em estado grave. Acabei de falar com a psicóloga de lá e ela disse para nós ficarmos preparados, porque a situação é grave”, relata a filha, Bruna Gabriela, de 18 anos.

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Casos graves

Os pacientes de Inhumas são regulados pelo estado e a cidade faz parte da macrorregião que tem Goiânia como referência. A capital, no entanto, está recebendo pacientes de todo o estado e as unidades de saúde já estão no limite, a exemplo do Hospital de Campanha para o Enfrentamento do Coronavírus (HCamp), que tem 100 leitos de UTI e todos estão ocupados.

O setor de Regulação da SES-GO tem priorizado os casos mais urgentes e graves na seleção para ocupar os leitos livres. Além disso, em entrevista ao Metrópoles, o secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, disse que está ocorrendo certa confusão em locais do interior.

“Está acontecendo, com frequência, a seguinte situação: o paciente chega à unidade no interior, [os médicos] diagnosticam Covid e, ato contínuo, já pedem UTI. Às vezes, o paciente está com quadro clínico que poderia continuar seu tratamento em enfermaria onde está”, ressalta.

Além disso, os casos são direcionados conforme o perfil do leito. Ismael diz que não se trata de uma conta “algébrica” e simples. Os fatores são dinâmicos. Durante todo este sábado, a ocupação dos leitos de UTI da Covid-19 da rede estadual de Goiás ficou acima dos 97%.

Ao todo, 222 dos 246 municípios goianos estão em situação de calamidade. Mapa da gravidade da pandemia divulgado nessa sexta-feira mostra que 16 das 18 macrorregiões seguem no nível mais avançado da Covid-19.

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