A falta de energia elétrica por quase 100 horas em Caçador, considerada a capital industrial do Meio-Oeste de Santa Catarina e um dos municípios mais exportadores do Brasil, e também em mais nove municípios da região, causa indignação e surpresa. Indignação pela demora em reestabelecer energia e surpresa porque ninguém imaginava que a região tinha a mesma fragilidade de Florianópolis em 2003, quando dano na única linha que levava energia deixou a Ilha de SC se luz por 55 horas.

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O deputado Valdir Cobalchini (MDB), que é de Caçador, levou o problema para debate na Assembleia Legislativa na sessão desta terça-feira, que se estendeu até o inicio da noite. Cobrou posição do setor elétrico, do governo do Estado e da Celesc para resolver o problema com urgência e evitar que se repita. 

Quatro dias após tornado, mais de 10 cidades de SC enfrentam falta de luz

A Evoltz, fornecedora da Eletrobras, dona da linha de alta tensão que teve quatro torres levadas pelo tornado, é apontada como a responsável, mas tanto Cobalchini, quanto os demais deputados presentes defenderam uma solução por parte do setor público e cobraram ação da Celesc. A propósito, segundo o deputado, a população da região sentiu a ausência da diretoria da Celesc e de lideranças do governo, incluindo o próprio governador Carlos Moisés, que não visitaram a região para ver de perto o drama, embora a empresa informe que está dando apoio.

– Precisamos de uma solução. A região, que tem uma economia forte, não pode ficar à mercê desse tipo de risco, que nem sabia que estava correndo. Além disso, a Celesc e o governo Catarinense precisam fazer um levantamento para saber quantos municípios do Estado também enfrentam esse mesmo risco sem saber – disse o parlamentar.

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Valdir Cobalchini, Divulgação
A maioria da população está tendo que se virar com luz de vela, como esta fotografada por Cobalchini sábado, na sua casa, em Caçador (Foto: Valdir Cobalchini, Divulgação)

Maior cidade da região, com mais de 80 mil habitantes, Caçador surpreende pela economia globalizada e competitiva. É a 17ª maior cidade catarinense, tem o 18º maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado (R$ 3,3 bilhões em 2018) e está entre os 10 maiores municípios exportadores de Santa Catarina.

Entre as grandes empresas locais que têm maior receita no exterior estão a Viposa, Temasa, Frame, Dami e Tedesco. Conta também com a Sul Brasil, Daniela Tombini e unidade da Guararapes, de papel e celulose, que acaba de anunciar investimento de R$ 750 milhões. Outra peculiaridade de Caçador é que tem o melhor microclima e solos do mundo para o crescimento do pinus, madeira renovável que impulsiona a indústria e as vendas externas.

A região ainda não estimou detalhadamente as perdas com esse apagão, mas dá para prever que serão milhões de reais. Depois desse acidente, cuja promessa é de volta da energia até a meia noite desta terça-feira, será preciso encontrar solução para que isso não se repita. Em Florianópolis, anos depois foi instalada outra linha de transmissão no Sul da Ilha de SC. 

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