Victor Hugo

Victor Hugo, escritor francês do romantismo, deixou para a humanidade obras que fazem parte do imaginário mundial, as quais foram traduzidas para diversos idiomas e adaptadas para o teatro, para o cinema e para a teledramaturgia, como os romances Os miseráveis e O corcunda de Notre-Dame.

Muito engajado nas causas sociais, fez de sua escrita um meio de denúncia às injustiças a que eram submetidos os mais pobres de seu país, o que evidencia a atualidade de sua obra ainda hoje, no século XXI, em um contexto em que a desigualdade social ainda persiste.

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Biografia de Victor Hugo

Victor-Marie Hugo, conhecido no meio literário como Victor Hugo, nasceu em 26 de fevereiro de 1802, em Besançon, na França. Seu pai era general das tropas de Napoleão Bonaparte e sua mãe era monarquista, ou seja, ambos viviam um sério conflito ideológico, já que um representava o pensamento republicano, e outro, o pensamento monárquico.

Contrariando o posicionamento de seu pai, que almejava ter o filho estudando na Escola Politécnica, Victor Hugo ingressou na faculdade de Direito. Encorajado por sua mãe, passou a publicar, entre os anos de 1819 e 1821, artigos literários em periódicos franceses.

Em 1821, Victor Hugo casou-se com Adèle Foucher, uma amiga de infância, com quem teve cinco filhos. Em 1822, publicou seu primeiro livro.

Em 1845, no auge de sua carreira literária, tornou-se membro do Senado francês. Victor Hugo destacou-se no Parlamento por seus discursos em prol da crescente população pobre de seu país. Após a Revolução de 1848, sua postura política, que era em defesa da monarquia, tornou-se republicana.

Fez campanha para a eleição do príncipe Napoleão III, mas este, quando assumiu o poder, violou a Constituição e instaurou uma ditadura na França. Victor Hugo rompeu com Napoleão III e passou a criticá-lo, o que resultou em um exílio de mais de 18 anos.

Quando retornou à França, foi eleito deputado em 1870. Posteriormente, em 1876, foi eleito novamente para o Senado.

Victor Hugo morreu em Paris, aos 83 anos, no dia 22 de maio de 1885. Foi enterrado no Panthéon, monumento onde estão os restos mortais dos heróis nacionais da França.

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Vida literária de Victor Hugo

Victor Hugo publicou seu primeiro livro em 1822, Odes e poesias diversas. Essa obra apresenta poemas compostos em uma forma clássica, com uma enunciação pessoal. Em relação à temática, seus poemas expressam um posicionamento político monárquico, o que agradou ao rei Luis XVIII, a ponto de este conceder-lhe uma pensão.

Em 1823, publicou o romance Hans da Islândia, uma ficção histórica que chamou atenção do grupo literário chamado Cénacle, composto por grandes nomes do romantismo francês e o qual Victor Hugo passou a frequentar.

Em 1827, publicou sua primeira peça teatral, intitulada Cromwell. No prefácio dessa obra, Victor Hugo defendeu mescla do sublime com o grotesco na literatura.

Seu sucesso no meio literário foi impulsionado com a publicação de Notre-Dame de Paris, em 1831. O romance histórico é ambientado em Paris, na época medieval, e narra as injustiças impostas a Quasímodo, o sineiro da Catedral de Notre-Dame, e à cigana Esmeralda pelo religioso Claude Frollo e pelo capitão Phoebus de Châteaupers.

Outra importante obra em que Victor Hugo denunciou as injustiças sociais é romance Os miseráveis, publicado em 1862, narrativa ficcional em que o autor expôs as desigualdades e misérias impostas aos mais pobres.

Residência onde Victor Hugo morou. Atualmente é um ponto turístico famoso na França.
Residência onde Victor Hugo morou. Atualmente é um ponto turístico famoso na França.

Características das obras de Victor Hugo

Aspectos formais:

  • Composição de variados gêneros: contos, romances, poemas, peças de teatro.

Aspectos temáticos:

  • Mistura de ficção com fatos da história da França;

  • Representação de enredos em que os protagonistas vivenciam injustiças sociais;

  • Presença de reflexões filosóficas em suas obras, como as em torno da Liberdade, da Beleza, da Justiça;

  • Idealização da mulher e dos personagens mais pobres;

  • Composição, nos poemas, de um eu lírico ligado à natureza, característica do romantismo;

  • Valorização do progresso e da ciência;

  • Criação de obras em que o sublime o grotesco coexistem.

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Obras de Victor Hugo

  • Odes e poesias diversas (1822)

  • Hans da Islândia (1823)

  • Bug-Jargal (1826)

  • Odes e baladas (1826)

  • Cromwell (1827)

  • Os orientais (1829)

  • O último dia de um condenado (1829)

  • Hernani (1830)

  • O corcunda de Notre-Dame (1831)

  • Marion de Lorme (1831)

  • O rei se diverte (1832)

  • Lucrécia Bórgia (1833)

  • Maria Tudor (1833)

  • Claude Gueux (1834)

  • Anjo (1835)

  • As canções do crepúsculo (1835)

  • As vozes interiores (1837)

  • Ruy Blas (1838)

  • Raios e sombras (1840)

  • O Reno (1842)

  • Os Burgraves (1843)

  • Napoleão, o Pequeno (1852)

  • Os castigos (1853)

  • Cartas a Luís Bonaparte (1855)

  • As contemplações (1856)

  • Os miseráveis (1862)

  • William Shakespeare (1864)

  • Canções das ruas e da floresta (1865)

  • Os trabalhadores do mar (1866)

  • O homem que ri (1869)

  • O ano terrível (1872)

  • Noventa e três (1874)

  • Meus filhos (1874)

  • Vida ou morte (1875)

  • Atos e palavras (1875-1876)

  • História de um crime (1877-1878)

  • O papa (1878)

  • Religiões e religião (1880)

  • O burro (1880)

  • Os quatro ventos do espírito (1881)

  • Torquemada (1882)

  • Teatro em liberdade (1886)

  • O fim de Satanás (1886)

  • Alpes e pirineus (1890)

  • Deus (1891)

  • França e Bélgica (1892)

  • Correspondência (1896-1898)

  • Os anos sombrios (1898)

  • Último feixe (1902)

  • Recompensa em mil francos (1934)

  • Pedras (1951)

Os miseráveis

Esse romance, publicado em 1862, narra a história de Jean Valjean, homem que cumpriu quase 20 anos de prisão por roubar um pão. Após cumprir sua pena, que incluía trabalhos forçados, ele se vê liberto, porém mergulhado em mágoas e rancores pela injustiça que sofrera. Leia o trecho a seguir de Os miseráveis:

“Deixou de ter um nome, passou a ser um número: 24.601. E sua irmã? E as crianças? Pergunte a um vendaval onde arremessou as folhas secas. Sem ninguém por eles, partiram ao acaso. Abandonaram a terra onde nasceram. Foram esquecidos. Com o tempo, até Jean Valjean os esqueceu. (...) Durante a prisão, o inofensivo podador de árvores tornou-se um homem temível. Tinha ódio da lei e da sociedade. Por consequência, de toda a humanidade. De ano para ano, sua alma foi se tornando amarga. Desde que fora preso, há dezenove anos, Jean Valjean não soltava uma lágrima.”

Observa-se, nesse fragmento, o processo de desumanização ao qual Jean Valjen é submetido após ser preso injustamente, o que já se evidencia a partir do momento em que ele passa a ser tratado como um número. Os anos recluso, longe de seus familiares e de sua vida pacata, transformam-lhe em um ser rude, amargo, embrutecido pelo cenário opressivo da prisão.

Victor Hugo, portanto, evidenciou, por meio desse personagem ficcional, a miséria e a injustiça que cresciam sobre os mais pobres na Europa do século XIX.

Acesse também: Escolas literárias no Enem: como esse tema é cobrado?

Frases de Victor Hugo

  • “É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.”

  • “A sombra é sempre negra mesmo a que cai de um cisne.”

  • “A quem tem o coração morto, os olhos nunca choram.”

  • “Julgar-se-ia bem mais corretamente um homem por aquilo que ele sonha do que por aquilo que ele pensa.”

  • “A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero.”

  • “Quem abre uma escola fecha uma prisão.”

  • “A tolerância é a melhor das religiões.”

  • “Do inferno dos pobres é feito o percurso dos ricos.”

  • “As ilusões sustentam a alma como as asas sustentam o pássaro.”

  • “Cada homem é um livro em que o próprio Deus escreve.”

  • “Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa.”

  • “A água que não corre forma um pântano; a mente que não trabalha forma um tolo.”

  • “Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como o corpo que não come.”

  • “O belo é tão útil quanto o útil. Talvez até mais.”

Por: Leandro Guimarães

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