Com sangue italiano e japonês, o ator curitibano Marcos Tumura diz nunca ter sido prejudicado pelos olhos levemente puxados. Isso, no entanto, não impediu que se visse no meio de uma controvérsia, já apelidada de “yellowface” – referência à antiga prática de se pintar o rosto de atores brancos escalados para viver personagens negros. A polêmica foi suscitada por Sol Nascente, novela que estreia nesta segunda-feira na faixa das 6 da Globo, no lugar de Êta Mundo Bom, de Walcyr Carrasco. No núcleo principal da trama, em uma família de raízes nipônicas, estão os atores Luis Melo e Giovanna Antonelli. Tumura, que fez teste para o folhetim, poderia ter sido escalado para viver Kazuo Tanaka, personagem de Melo. Ele, que frisa não ter sido testado para nenhum papel específico, acabou ficando com um personagem menor, de um mafioso.
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O texto de Sol Nascente, de autoria de Walther Negrão, tem justificativa para as escalações de Luis Melo, ator que é filho de índia com italiano e Giovanna Antonelli, descendente de italianos. Kazuo é mestiço: neto de um americano que se casou com uma japonesa. Já Alice, personagem de Giovanna, é adotada. As explicações, no entanto, não vêm brecando as críticas, que a Tumura parecem exageradas.
“Não acho que seja o caso de yellowface. Tanto é que temos muitos japoneses na novela”, diz Tumura. “Eu não sei porque os autores escolheram o Luis Melo, deve ter sido alguma coisa interna. Ele já é contratado da empresa. Não é discriminação, é algo mais empresarial. Ou, de repente, o autor achou que o Luis Melo era o indicado para o papel.”
Além de viver um mafioso em Sol Nascente, que estreia com a dupla missão de apaziguar os ânimos dos críticos e de manter a boa audiência de Êta Mundo Bom, Tumura está em cartaz no musical Forever Young, em cartaz no Teatro Fecomércio, em São Paulo. O espetáculo, norueguês, estreou em 19 de agosto e segue até 30 de outubro. O gênero é um velho conhecido do curitibano, que já atuou em A Bela e a Fera, O Fantasma da Ópera e Os Miseráveis, em que, mesmo com os olhos puxados, fez o francês Jean Valjean.
“Particularmente, eu nunca tive nenhuma implicação por ser oriental”, diz. “Também interpretei o Lumiére de A Bela e a Fera. O Brasil é um país muito misturado, então é meio esperado ter essa mistura também no palco. Eu só não poderia fazer um alemão em Cabaret, que fala do nazismo e exige uma caracterização mais rigorosa”, diz.