• João Mathias
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Nascente protegida na Mata Atlântica por um projeto de Pagamento por Serviços Ambientais (Foto: Divulgação / Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza)

Como faço para revitalizar e proteger uma nascente?
Alessandra Aparecida, via Facebook

Uma nascente seca quando há diminuição da capacidade do solo de infiltrar a água da chuva por meio de sua superfície, ou da própria redução das chuvas, sobrepastejo do gado, compactação do solo e processos erosivos em áreas com declives, substituição de áreas de mata por pastagem e agricultura, ou manejo inadequado na agricultura (plantio morro abaixo, queimadas, revolvimento do solo, ausência de plantas de cobertura do solo, uso excessivo de agrotóxicos, entre outros). As nascentes localizadas em área urbana estão vulneráveis ainda ao depósito inadequado de lixo, entulho e esgotos. A poluição das águas, por sua vez, decorre do acesso do gado e das pessoas (coliformes fecais), da deposição de sedimentos e da entrada de poluentes orgânicos e inorgânicos (resíduos agrícolas, domésticos e industriais).

Como os processos de recuperação e conservação são complexos, aconselha-se a assessoria de técnicos especializados. De acordo com o novo Código Florestal (Lei Federal 12.651/2012), deve-se preservar uma borda de 30 metros no entorno da nascente e contar com técnicas de recomposição, como regeneração natural da vegetação nativa e plantios de árvores nativas.

O primeiro passo para a revitalização de uma nascente é o seu isolamento com cerca que tenha, pelo menos, o último arame (na parte de baixo) liso e colocado a cerca de 70 centímetros do chão, para permitir o trânsito de animais silvestres. Por se desenvolverem bem em solos úmidos, espécies arbóreas nativas utilizadas para a recomposição de matas ciliares, como os ingás, são recomendadas para a proteção de nascentes. Outra prática com bons resultados nos plantios de árvores nativas é o condicionamento das covas em que as mudas serão introduzidas, especialmente em áreas em estágio avançado de degradação.

Técnicos das empresas de assistência técnica da região, ou profissionais da área agronômica ou florestal, podem orientar as coletas de amostras de solo, o envio ao laboratório e a interpretação dos resultados. De qualquer forma, as ações adotadas para a proteção e revitalização das nascentes devem ter como objetivo o controle da erosão do solo por meio de estruturas físicas e barreiras vegetais de contenção, e minimizar a contaminação química e biológica. Além disso, se a área estiver coberta com gramíneas muito agressivas (como capim-colonião, hermátrias e braquiárias), a vegetação natural levará muito tempo para se instalar.

Após a implantação das ações de revitalização da nascente é essencial a visitação constante à área, para acompanhar o desenvolvimento das mudas e da vegetação nativa, e observar se houve o rompimento de cercas, o retorno de formigas, a ocorrência de fogo e o rompimento de bacias de contenção ou terraços, fatores que afetam negativamente a revitalização de uma nascente.

CONSULTORES: RACHEL BARDY PRADO e FABIANO CARVALHO BALIEIRO, pesquisadores da Embrapa Solos, Rio de Janeiro (RJ); e LUIZ FERNANDO DUARTE DE MORAES, pesquisador da Embrapa Agrobiologia, Seropédica (RJ)