A história dos vitrais, mosaicos formados por vidros coloridos, remonta ao Oriente, no século 10. É de lá mesmo a maior inspiração estética da artista Bia Quevedo, 38, para suas pinturas em vidros reciclados e releituras modernas dessa arte tão antiga. Há quase dez anos o vitral entrou em sua vida, e de lá para cá ela inovou e amadureceu uma técnica que é bem peculiar sua para criar uma infinidade de obras, de coloridas luminárias, lamparinas e mandalas até pequenos porta velas e, por que não?, lâmpadas velhas e queimadas transformadas em delicados vasos de flores.
Bia Quevedo mora em Florianópolis há pouco mais de dois anos. Nascida no Rio Grande do Sul, ela passou a infância e adolescência em Tubarão, no Sul do Estado, onde morou até completar 21. De lá foi para Curitiba, para estudar Belas Artes. Na capital paranaense trabalhava com artesanato e participava da famosa feira de artes do Largo da Ordem.
“Meu sonho era ser uma artista”, diz Bia. Com uma história de idas e vindas, acabou voltando em 2003 para o Sul de Santa Catarina, onde foi morar no município de Gravatal, famoso pelas águas termais. “Fui morar no alto de uma montanha”, conta.
Foi lá, conectada à natureza, que ela começou a realizar seus sonhos aos poucos: abriu um ateliê, ministrou aulas e descobriu a arte da pintura em vidro com uma amiga. “Primeiro pintava garrafas, mas fazia para mim mesma. Naturalmente as pessoas foram pedindo e quando vi tinha uma grande produção”, conta a artista. Assim ela foi pesquisando e desenvolvendo um modo de fazer todo seu, criando novas obras e firmando parcerias. “Um dos grandes parceiros é meu pai”, diz ela, lembrando que o ensinou inclusive a cortar vidros.
A estética oriental
Antes de descobrir a pintura em vidros, Bia Quevedo descobriu as mandalas, que do sânscrito quer dizer aquilo que circunda um centro. De origem hindu, a mandala representa princípios do que os indianos chamam de geometria sagrada – e que Bia segue à risca. “Entrei de cabeça na linha holística”, afirma a artista sobre suas criações.
Por isso sua arte é uma ligação direta com o Oriente – primeiro a Índia, que se vê refletida nas formas e nas cores em cada ciração, e agora ela tem descoberto as belezas do Oriente Médio e do mundo árabe e seus belos arabescos.
As peças são feitas com uma técnica própria e pintadas com tinta específica. “A manipulação das tintas é a maior dificuldade, são tóxicas e têm cheiro forte.” Além dos vidros, Bia também recicla CDs antigos, discos e outros materiais feitos de acetato.
Em Florianópolis há pouco tempo, Bia tem dividido o tempo com licenciatura em artes visuais, um trabalho como educadora e sua produção artística. As peças são comercializadas por meio de um blog criado em 2009. “É minha comunicação com o mundo. Por ele mando trabalhos para o Brasil inteiro, e até outros países.”
Saiba mais: http://biaquevedoartes.blogspot.com.br/