A chegada ao deserto é como ver o mar pela primeira vez. Quilômetros e quilômetros de nada além de areia. É uma vastidão tão humilhante que parece um lembrete da insignificância da humanidade.
Nele, o sol é inclemente. Ele brilha intensamente, garantindo que o ambiente esteja sempre árido e impiedoso, fazendo deste bioma um mundo à parte, uma terra de contrastes acentuados, onde a vida, quando presente, se agarra tenazmente às bordas da existência. É como se a paisagem parecesse estar em constante estado de criação e destruição.
No entanto, neste aparentemente desolado deserto, há uma beleza estranha e cativante. Há algo na interação entre a luz e a sombra nas dunas. Dunas que se erguem majestosas, formando vales e cristas que parecem criar um cenário transplantado de Marte, com aquela areia vermelha, quente e resistente.
As estradas que se estendem à nossa frente rumo ao infinito formam uma linha monótona, mas de uma beleza única. Elas cortam sem piedade as pedras que ousam atravessar o seu caminho, mantendo-se retas e planas, desafiando o horizonte. É como se a própria terra estivesse esculpindo seu destino, compelindo o tempo e a erosão.
Os padrões em constante mudança na areia e a claridade do céu noturno, não poluído pelas luzes da cidade, tudo isso se combina criando um sentimento de admiração e reverência. É como se o deserto tivesse sua própria linguagem, escrita nas ondulações da areia e nos traços das estrelas no céu.
É um lugar onde o tempo parece parar, onde o incessante avanço do progresso e da tecnologia cede lugar à tranquila contemplação do mundo natural. É um lugar que desafia nossa compreensão da vida e da sobrevivência, e, ao fazer isso, nos obriga a confrontar nossas próprias limitações e nosso lugar no mundo. Nesse vasto cenário, somos lembrados de nossa pequenez diante da grandiosidade da natureza, e, ao mesmo tempo, somos cativados por sua beleza única e desafiadora.
Todas as fotos foram tiradas com meu celular, sem nenhuma edição ou filtro.
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