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Como observar a chuva de 100 mil meteoros por hora prevista para hoje (30)

Craig Taylor Photo/Adobe
Imagem: Craig Taylor Photo/Adobe

De Tilt, em São Paulo

30/05/2022 11h55Atualizada em 31/05/2022 10h29

Astrônomos preveem para a madrugada entre hoje (30) e amanhã (31) o pico da chuva de meteoros Tau Herculídeas (Tau-Herculids, em inglês). O fenômeno raro pode encher o céu com milhares de "estrelas cadentes": cerca de 100 mil meteoros por hora, a uma velocidade de 16 km/s, considerada baixa.

Infelizmente, ele será mais visível do hemisfério Norte, mas não está descartada a possibilidade dele gerar um belo espetáculo também nos céus brasileiros. Poderemos ver entre 10% e 50% dos meteoros —quanto mais ao Norte do país, melhores as suas chances.

Como observar o fenômeno

O radiante (ponto onde os meteoros aparentam convergir) da Tau Herculídeas é a constelação do Boieiro, conhecida pela estrela brilhante Arcturus.

Encontre-a na direção noroeste e observe atentamente ao seu redor. Uma bússola ou um app de astronomia (como Stellarium, Star Walk, Star Chart, Sky Safari e SkyView) podem ajudar.

Procure um lugar com menos poluição luminosa, com bom campo de visão. Fique confortável e espere, olhando para toda a área em torno do radiante. O fenômeno é visível a olho nu, sem necessidade de qualquer equipamento especial.

A Lua está na fase nova, sem brilho, o que deixará o céu mais escuro. Assim, mesmo os meteoros menos intensos poderão ser observados.

De acordo com a Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros), devem ocorrer pelo menos três surtos da Tau Herculídeas:

  • 31 de maio, às 0h10 (horário de Brasília): a Terra atravessará as trilhas de detritos deixadas pelo cometa 73P/Schwassmann-Wachmann 3 (SW3) em 1892 e 1941 (que são a origem dessa chuva de meteoros). São esperados até 50 meteoros por hora.
  • 31 de maio, às 2h10: a Terra atingirá a trilha de 1979 e também a densa nuvem lançada pela ruptura de 1995. Como é a primeira vez na história que interagimos com essas partículas, o horário pode variar (e até não ocorrer). A modelagem básica indica uma taxa de 600 a 700 meteoros por hora.

    "Entretanto, considerando que em 1995 o cometa se partiu em vários pedaços, a intensidade deste surto pode atingir até 10 mil, ou talvez, 100 mil meteoros por hora durante a máxima", acredita a Bramon, otimista.
  • 25 de junho, às 23h58: a Terra encontrará a trilha deixada na passagem de 1930. A intensidade será bem menor, com cerca de três meteoros por hora.

Os surtos são imprevisíveis e com vida curta, é bom ficar atento.

"Por conta de uma certa indefinição da posição orbital dos outros pedaços do cometa SW3, recomendamos que sejam feitas observações até 1º de junho, sempre de madrugada, com possibilidades de assistirmos ainda muitos meteoros vindo da direção Noroeste, próximos ao radiante", ressalta Marcelo de Cicco, astrônomo coordenador da Exoss, projeto colaborativo de pesquisas de meteoros.

E, mais importante, não desanime: "O índice de 10% a 50% dos meteoros parece pouco, mas caso se confirmem os melhores cenários, isso pode significar dezenas de milhares de meteoros por hora, o que seria espetacular", destaca Lauriston Trindade, membro da Bramon.